Opinião

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Coronavírus


O impacto dramático da pandemia do novo coronavírus apanhou o mundo em um momento de radicalização, fragilidade institucional e perigosas tentações populistas. Vivíamos no que parecia o grau máximo de individualismo, concentrados em nossos celulares, dialogando apenas com nossas tribos e agredindo as outras. De repente, em poucas semanas, esses mesmos bilhões de pessoas uniram-se em um monumental e histórico esforço comum para evitar o pior. A catástrofe nos exilou em nossas casas. Mas nos mostrou em cores vivas a falta que sentimos da liberdade de ir e vir, de ver e tocar, de ouvir e sentir o outro de perto, de divergir olhando nos olhos. Em vista disso, não devemos deixar de vigiar quem nos governa, enquanto estivermos escondidos em nossa intimidade privada. Em crises graves sempre há o risco de governantes omitirem-se ou, ao contrário, se deixarem levar pelo sabor do estrelato e pelas incertezas irrefutáveis de gabinetes, para relativizar liberdades individuais ou ampliar ilegalmente seus poderes. É preciso aproveitar a chance de nos aproximarmos como cidadãos. Não podemos nos acostumar com as cavernas, ampliar barreiras e acentuar divergências. Está ao nosso alcance transformar a crise em oportunidade de união. Consenso e tolerância nos ajudarão a superar as dificuldades que ora se apresentam.
» Renato Mendes Prestes,
    Águas Claras


» No ano passado, no Brasil, foram contaminadas pela gripe comum (Influenza) 4.061 pessoas, das quais 1.109 faleceram. Nos anos anteriores, também em consequência da gripe comum, ocorreram 1.726 óbitos, em 2017, e 839 óbitos em 2018. No mundo, anualmente, são contaminados pela gripe comum cerca de cinco a seis milhões de pessoas, ocorrendo de 250 mil a 650 mil mortes. No Brasil, até hoje, a pandemia do coronavírus havia contaminado 3.417 pessoas, tendo ocorrido 92 mortes. Diante desses números, que se repetem todos os anos, a atual pandemia Covid-19 não seria assim tão extraordinária, a ponto de gerar o alarmante noticiário da mídia e provocar pânico na população, alarido e histeria.  Isso não ocorreu no Brasil no momento da pandemia H1N1 em 2009, embora tenham sido contaminadas 58.178 pessoas e falecidas 2.101, sendo as duas pandemias semelhantes em natureza e agressividade. Pelo andar dos acontecimentos, é de se deduzir que, no Brasil, as consequências do novo coronavírus não serão maiores, nem piores, do que as da última pandemia. Daí porque não é possível entender o comportamento de alguns políticos e de parte da mídia, em tumultuar o ambiente, em vez de colaborar no esclarecimento e orientação de população diante da ameaça à saúde pública. Não é ético nem cabível aproveitar-se de um momento de sacrifícios e apreensão de toda a nação para articulações político-eleitoreiras ou promover o pânico. Não é admissível impor condicionamentos e limitações aos trabalhadores e suas famílias, sem dimensionar as consequências para o cidadão e para o país. Enfim, vamos enfrentar com a mesma sensatez e coragem com que superamos a Influenza todos os anos.
» Cid Lopes,
    Lago Sul


» O argumento de certos empresários e políticos de que a economia não pode parar por causa de alguns milhares de mortos — vítimas do coronavírus — revela não um raciocínio lógico, mas uma cultura de morte. Quem estudou economia sabe que essa ciência trata de escolhas, mas deixar morrer (seres humanos) não é uma delas! Não se confunda “laisse faire” com “laisse mourir”!  E diga-se: o vírus infecta pessoas de qualquer idade, sem distinção. Risco de morte é outra estatística. Tem maior peso entre idosos e grupos de risco.
» Marcos Paulino,
    Taguatinga



Absurdos


O mundo vive, hoje, um momento extremamente delicado. O novo coronavírus está assustando aqueles que compreendem que ele não é uma coisinha à toa. Digo “aqueles que compreendem”, porque ouvi coisas absurdas nesse período que requer cuidados redobrados das pessoas. Ouvi de um membro de uma determinada denominação religiosa a seguinte afirmação: “Isso é Deus  castigando o  homem para que ele se aproxime Dele (Deus). E disse mais: “Só os ímpios serão atingidos”. Fiz de tudo para que ele entendesse  que a sua maneira de pensar colocava Deus, que é  cheio de misericórdia, como um Deus mau, mas ele não entendeu. Defendeu a sua crença como um leão. Senti que ele era um obcecado pela sua “verdade”. Não havia espaço para a razão. Talvez ele não tenha culpa por possuir esse distúrbio. A falha pode estar no semeador. O novo coronovírus não tem religião. Levemos a sério as medidas de prevenção. Não sejamos ignorantes.
» Jeovah Ferreira
    Taquari