Bipolaridade
O governo brasileiro é um ser bipolar. Enquanto o filho do presidente e senador Flávio Bolsonaro dispara um vídeo oficial do Executivo concitando os brasileiros a ignorarem a orientação dos médicos para que permaneçam em casa, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, garante que a ordem do governo é o isolamento social. O presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que outras epidemias mataram muitas pessoas e não houve a comoção que ocorre neste momento com o coronavírus. Ele chega a dar a entender que se morrerem centenas de pessoas não fará muita diferença para o país. O importante mesmo é salvar a economia. Em seguida o Palácio do Planalto informa que o vídeo foi elaborado pela equipe do goverrno, mas ainda não tinha sido aprovado. Então, por que deixar o senador dar divulgação à peça publicitária, com conteúdo contrário ao que prescreve o ministro da Saúde e sua equipe para que os brasileiros se mantenham em casa? No mesmo dia, o presidente, ladeado de presidentes dos bancos oficiais, lança um pacote de linhas de crédito para preservar o emprego, permitindo que os trabalhadores fiquem em casa, sem que isso represente perda na renda mensal. A bipolaridade governamental só contribuiu para deixar a população confusa. O presidente segue um caminho enquanto as equipes técnicas vão em direção oposta, seguindo a mesma trajetória da maioria dos governadores e dos prefeitos que adotaram as orientações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde para enfrentar a pandemia causada pelo coronavírus. Alguém precisa dar esclarecimentos lúcidos à sociedade.
» Paulo Gregório, Águas Claras
Bancos
Os “bancos privados vírus” são seres formados basicamente por dinheiro. Costumam manifestar-se em períodos de crises econômicas, como agora. Sua infecção ocorre basicamente por meio do oportunismo da tragédia alheia, como na atual pandemia do coronavírus. Sua ação é curiosa: quando seus hospedeiros mais precisam, os bancoprivadovírus manifestam-se em toda sua potencialidade: elevam os juros nas operações, cancelam créditos, desaparecem de cena — causando a morte de muitos hospedeiros. Quando as crises cessam, eis que os “bancos privados vírus” ressurgem cinicamente, com propagandas maravilhosas para atrair mais hospedeiros incautos e esquecidos para que, nas próximas crises, reiniciem aquele processo de infecção.
» Milton Córdova Júnior, Vicente Pires
O Guedes (Paulo Guedes, ministro da Economia) quer colocar os bancos no processo de repasse dos benefícios? Vejam a fala do presidente da Caixa, em entrevista no dia 22 úlitimo (repito: da C, o Banco Social do Brasil!): “Passando nos testes de crédito, vamos financiar. O que não vai acontecer é fazer sem dar garantias”. Pois é, Guedes, o de sempre: puxar saco do gerente, comprar seguro e fundo de investimento (venda casada!), ter conta na Caixa há mais de 100 anos, ter “garantias reais 10 vezes o valor do crédito”, ter saldo médio de mil vezes o valor do crédito, ter “ficha limpa” – o de sempre! Os banqueiros são mercenários, agiotas e vão se aproveitar da crise para roubar ainda mais! Basta ver as propagandas de página inteira nos grandes jornais e revistas oferecendo “ajuda” para se locupletarem à custa do povo! Está nas manchetes de hoje: “Bancos não negociam conforme prometido”. É claro. Retirem os bancos de qualquer mesa de negociação!
» Wagner Mendonça Lopes,Asa Norte
Precaução
Brasília teve a primeira morte por coronavírus. Apesar de ser um paciente com outras complicações de saúde, foi a óbito precocemente, aos 40 anos. Há estudos epidemiológicos que fazem projeções muito sérias sobre os riscos que os brasilienses correm, com o alastramento da Covid-19. Apesar de só agora ter ocorrido uma morte, ao contrário de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e outras grandes capitais, isso não quer dizer que o brasiliense possa deixar de lado as recomendações dos médicos. Ficar em casa é a melhor opção. Hoje, a tecnologia oferece muitos recursos para que sigamos trabalhando sem precisar desafiar a epidemia. O isolamento social é só físico. Seguimos nos comunicando com familiares, amigos, filhos e netos, colegas de trabalho e trabalhando. Há algumas semanas li um texto que deixava claro os perigos do atual momento e recomandava o leitor a não dar sorte para o azar. Por que não aceitar o conselho? Precaução e canja de galinha não fazem mal a ninguém.
» Humberto Vieira,Asa Norte
Prudência
Surpreende a informação do Correio de que o governador Ibaneis pretende abrir as lotéricas, como deseja o presidente Jair Bolsonaro. A cidade está longe — espero, sinceramente, que se mantenha assim — longe do pico de contaminação pelo coronavírus. O governador foi o primeiro do país a suspender as aulas, recomendar o isolamento social e tomar outras providências com base nas orientações dos especialistas. Mas é no momento em qu e o número de infectados aumenta e que o DF registra a primeira morte, ele vai mudar de via? Não seria uma decisão incoerente? Desde quando lotérica é serviço essencial à sociedade? Até agora o senhor governador tem se colocado ao lado dos demais governadores que se lixaram para as sandices do presidente da República. Não seria mais prudente se manter na posição anterior, estimulando os brasilienses permanecerem em suas casas?
» Eduarda de Paula e Silva, Asa Norte