Opinião

Visto, lido e ouvido

A segurança de voltar ao lar

Repetia o filósofo de Mondubim: “boa romaria faz, quem em sua casa fica em paz.” Em tempos de pandemia, uma novidade para as duas últimas gerações do pós-guerra, permanecer em casa, de forma obrigatória e em nome da própria sobrevivência, por certo modificará temporariamente, ao menos, o cotidiano de famílias inteiras por todo o mundo.


Desse modo será alterada, também, a dinâmica de cidades inteiras, principalmente aquelas agitadas pelo frenesi de pessoas, sempre indo e vindo, como formigas. Por certo serão alteradas, ainda, a economia de muitas metrópoles, acostumadas e economicamente dependentes dessa movimentação das pessoas. Para aquelas cidades que fervilham à noite com a boemia, será um longo período de finados. Muito mais do que os prejuízos, que serão enormes, o esvaziamento das cidades, pelo forçar da quarentena, trará de volta um passado há muito deixado para trás, quando o escurecer do dia obrigava a todos retornar para casa e fugir das ruas escuras.


Outro hábito que poderá, ainda que por pouco tempo, ser revivido será o reagrupamento das famílias, tirando as crianças das escolas e os pais do trabalho. Quem sabe se pela imposição do momento delicado, não estarão sendo iniciados flashes de um novo modelo de vida urbana, lições que resgatem e modernizem novas relações de trabalho, com o incremento do teletrabalho e do ensino a distância, capazes, entre outras alterações positivas, reascender as relações familiares, tão absorvidas pela velocidade da vida hodierna.
Imagens que chegam da Itália, com vizinhanças inteiras retidas dentro de casa, mas cantando e tocando em grandes grupos comunitários, cada um de sua janela, mais do que uma bela e comovente imagem, parece resgatar tempos perdidos no passado, quando toda a vizinhança se reunia no fim do dia para trocar informações e histórias e que, de alguma forma, reforçavam os laços de solidariedade entre todos, criando uma espécie de grande família, onde todos pareciam repartir um destino comum.


Por aqui, o que se apresenta como uma longa e talvez árdua experiência ainda está em seu começo e pode mostrar muito sobre nossa capacidade de resiliência. Nesse sentido, e apenas para reforçar essa mudança de hábitos, é bem-vinda a decisão do Ministério da Educação (MEC) de autorizar que as escolas possam substituir as aulas presenciais da educação básica, pelo modelo a distância, ao menos nas próximas semanas, como forma de evitar aglomerações em salas fechadas. Embora permitida em caráter extraordinário, para todas as etapas do ensino básico, a adesão das escolas será facultativa.

 

Obviamente que esse é um modelo que se encaixa apenas para as famílias que se enquadram nessas condições. Para as demais e principalmente para a população que vive nas ruas, cujos os números não param de crescer, o perigo de contágio e de disseminação é ainda muito alto e pode pôr a perder todo o esforço que vem sendo feito para conter a proliferação do vírus.


Ao contrário da Europa, que nesse momento é apontada como o principal foco da doença, no Brasil e na América Latina a Convid-19 poderá ter perdido a força no tempo frio, podendo facilitar muito seu combate durante o calor, principalmente onde o vírus não se adapta.

 

A frase que foi pronunciada
“Não permito que nenhuma
reflexão filosófica me tire a alegria das coisas simples da vida.”
Sigmund Freud

Chega

» Há mega e nano interesses por trás do coronavirus. Em Brasília, o diretor-geral do Procon, Marcelo Nascimento, e sua equipe estão com lupas nos preços abusivos cobrados por algumas farmácias da cidade. Luvas, máscaras e álcool em gel a preços estratosféricos.

Ação
» Recebemos de Leda Watson a imagem mais chocante até agora, com os dizeres: “O vírus da fome mata 8.500 crianças por dia. A vacina existe e chama-se comida. Mas isso não interessa nada...”

Instrumentos
» Mais um depoimento importante. Alexandre Garcia rasga as cortinas clareando a realidade sem rodeios. Mostra quanto ganha a China com toda essa press-pandemia. Veja no blog do Ari Cunha.

Fecomércio

» Luis Otávio Rocha Neves, presidente do Sindeventos, trabalha para que os organizadores de evento não cancelem as programações agendadas, mas apenas adie. “É uma construção que está sendo feita dentro do Fecomércio. Estamos consultando o governo e sentindo o termômetro. Até onde estão dispostos a ajudar a gente. Estamos nos reunindo com o setor para buscar soluções. Queremos fazer uma campanha com os presidentes de congressos para adiar os eventos e não cancelar”, explicou.

História de Brasília

Hoje, é o aniversário de um homem tímido, inteligente, capaz, seguro, às vezes ingênuo, que confia nos homens, acredita nas palavras alheias. Hoje, é o aniversário de um homem simples, que tem tudo para ser orgulhoso. Hoje, é o aniversário de um gênio. Bom dia, doutor Oscar Niemeyer. (Publicado em 15/12/1961)