Opinião

Visto, lido e ouvido

Das panelas às redes sociais

Como território livre que é, em boa parte do mundo Ocidental, as redes sociais vêm se constituindo numa espécie de quarto poder, maior inclusive, do que a própria imprensa e as mídias tradicionais, que até pouco tempo ocupavam essa posição de destaque. Em breve, esse fenômeno contemporâneo, intimamente ligado às novas tecnologias que chegam ao mercado, alterará o modelo secular de democracia que conhecemos até aqui e que tem conduzido o Ocidente democrático num caminho de razoável estabilidade. A rede de comunicação virtual adentrou para um mundo de novíssimas e amplas possibilidades, sequer sonhadas.
 
Quanto a essa constatação, o que parece mais importante e até urgente é passar a entender esse fenômeno para que, de alguma forma, ele seja incorporado e aceito como uma força da cidadania. Outro ponto que parece indiscutível é que se trata de um universo a ser explorado e não regulado como pensam os defensores do antigo regime e da velha política. Não é por outra razão que durante a era petista muito esforço foi empreendido no sentido de regulação das mídias, todas elas, inclusive as redes sociais.
 
Obviamente que não se trata de implantação de uma democracia do tipo direta, saltando por cima do Legislativo, mas no sentido de fazer valer, ao pé da letra, o que diz o início da Constituição de 1988:  “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Essa realidade, por seu poder numérico e onipresente, pode ser classificada como a democracia do porvir. De fato, está a balançar as colunas do poder, reclamando para si o que é seu por direito.
 
No Brasil e em alguns outros países, esse novo fenômeno, do cidadão onisciente ou plugado, tem provocado significativas modificações no velho edifício do Estado. Eleições como as realizadas por Barack Obama, nos Estados Unidos, mostraram o poder das redes sociais na eleição de candidatos, até aqui improváveis.
 
O mesmo fator levou também à eleição de Jair Bolsonaro ao poder, numa demonstração clara de que os velhos mecanismos eleitorais consumiam bilhões de dólares ou de reais em campanhas sofisticadas, superproduzidas e de alto nível de marketing, eram apenas um biombo a esconder trapaças de uma grande e rico circo político. A derrocada pesquisa eleitoral em 2018, dos principais institutos de opinião do país fala por si só.
 
É preciso notar ainda que, entre nós, o desgaste na imagem de políticos e de partidos tradicionais, sobretudo com a deflagração de uma série de investigações, realizada pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, revelou para a população em geral que o modelo de delegação do poder de representação atual necessitava ser, mais do que depressa, revisto e redesenhado. Isso sem falar no poder de convocação instantânea para que a população ocupe as ruas em manifestações gigantescas e com resultados certeiros. É justamente nesse sentido que estão sendo preparadas as próximas manifestações previstas para o próximo dia 15. O bafo quente da multidão nas ruas vai, pouco a pouco, incomodando o velho establishment, pedindo passagem para o século 21 nascente.
 
A frase que não foi pronunciada
“Qualquer eleição precisa ter mecanismo de auditoria. Não tem? Não serve.”
Presidente Jair Bolsonaro pensando com os seus botões

Repaginado
» Um dos grandes problemas apontados para o futuro é o envelhecimento da população. Esses idosos não deixaram de pagar impostos, taxas e a Previdência. Problema mesmo são pessoas saudáveis por todo o país que não querem trabalhar para não perder o Bolsa Família. Isso, sim, é perigoso.

Portaria 2362
» Possivelmente a solução adotada pelo Ministério da Cidadania em cortar serviços de assistência social pelo país deverá colocar na balança apenas as pessoas que realmente precisam de atendimento. A gestão do recurso deverá ser criteriosa para atender a quem realmente precisa.


Dúvida
» Quem ficou de boca aberta foi a população com a ideia do deputado Emerson Petriv de propor um projeto de lei para cortar as mãos de políticos corruptos. Petriv, mais conhecido como Boca Aberta, recebeu a seguinte pergunta de um eleitor. E quem votaria nessa lei?

Proatividade
» Disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em entrevista à Folha: “Teimaram comigo. Falei: é uma pandemia, e desde a semana passada o Brasil já trata como pandemia. Porque era óbvio. Se você tem uma transmissão sustentada em tantos países, como vou ficar procurando país por país, quem veio de onde? Isso pelo menos três semanas atrás já era impraticável para os sistemas de saúde”. É médico, entende do assunto.

História de Brasília
Outra coisa é com relação às nomeações. Os atos do presidente Juscelino estão rasurados, com visível troca de nomes, e há alguns casos, em que várias pessoas foram nomeadas para o mesmo cargo. (Publicado em 17/12/1961)