Diferentemente de seus pares no governo envolvidos em episódios e declarações controversos, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem adotado postura exemplar na administração de uma situação extremamente delicada. Se no primeiro ano da gestão Jair Bolsonaro o médico ortopedista e ex-deputado federal se manteve nos bastidores, em 2020 deu as caras de vez, assumindo o protagonismo exigido pela chegada da Covid-19 ao território brasileiro. No anúncio oficial do primeiro caso no país, registrado em São Paulo, Mandetta e sua equipe chamaram para si a responsabilidade em comunicar à população e responderam a todos os questionamentos, sem hesitar, de forma clara. E convincente.
Com esse comportamento, cumprem o papel que se espera dos ocupantes de uma das principais e mais sensíveis pastas do governo, detentora de um orçamento de R$ 125,6 bilhões, o maior da União. Mais que mostrarem empenho na busca de soluções para conter a disseminação da enfermidade, as autoridades da saúde primam pela transparência na condução da crise. Maquiar números ou ações não faz parte do script. Rodeadas de grandes expectativas, as coletivas de imprensa do ministério, por exemplo, são transmitidas ao vivo por todos os canais e redes sociais do órgão público (portal, Web Rádio Saúde, Facebook, Twitter, Instagram e YouTube).
Cabe, então, a nós, espectadores, cidadãos, brasileiros, confiar nas informações e ações do governo para atravessarmos este momento de apreensão com a menor turbulência possível. Também podemos e devemos fazer a nossa parte, seguindo recomendações como higienizar as mãos, cuidadosamente, e cobrir a boca ao tossir. É uma forma de contribuirmos no combate à doença. O mercado de ações já está histérico demais. A indústria sofre com as baixas de negócios da China, origem do surto global. Setores do entretenimento, do esporte e do turismo sentem os efeitos da epidemia, com o adiamento, a suspensão ou o cancelamento de eventos e competições e o fechamento de espaços de visitação. Qualquer ponto obscuro pode elevar a insegurança.
Entre as medidas do governo federal contra o coronavírus está a ajuda financeira aos estados para custear a logística de triagem de pacientes e internações. Os secretários estaduais de Saúde pedem a liberação imediata de R$ 200 milhões. Que tenham resposta para isso. Que o ministério mantenha a serenidade, sem subestimar a Covid-19. São 34 casos confirmados no Brasil e 893 sob suspeita.