À luz da palavra
Com o tema Fraternidade e Vida: dom e compromisso”, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou, na quarta-feira de cinzas, mais uma edição da tradicional campanha da fraternidade. Como acontece todos os anos, a CNBB, em comum acordo com todos os bispos do país e de forma ecumênica com outras religiões, trouxe para a campanha, realizada a cada ano, temas que melhor traduzam as preocupações e as angústias da sociedade e da família brasileira em determinado momento, de modo a despertar nos cidadãos um sentido maior de solidariedade e de busca de soluções para os muitos problemas que afligem o homem contemporâneo.
Criada em 1962, visando à adoção de ação pastoral evangelizadora mais prática e fincada na realidade do mundo, a campanha logo foi adotada por todo o país. Eram tempos em que o mundo católico e a América do Sul, especialmente, respiravam os ares renovadores vindos do Concílio Vaticano II, época em que a instituição fundada há dois milênios, pelo apóstolo Pedro, intencionava, sob a liderança de João XXIII, atualizar a Igreja, revendo suas relações com o mundo, sobretudo no pós-guerra, quando as mudanças radicais experimentadas pelas sociedades daquela ocasião ameaçavam seriamente a hegemonia da Igreja. Daquelas primeiras edições até o dia de hoje, o mundo e particularmente o Brasil mudaram, como dizia o filósofo de Mondubim, da água para o vinho e desse para o vinagre, tanto nas relações sociais, econômicas e políticas, quanto, e principalmente, no seio das famílias do mundo Ocidental.
Os temas abordados a cada ano demonstram, na prática, que a Igreja, a despeito de seus dogmas e crenças seculares, não está alheia às vicissitudes e a tudo que pertence ao mundo e aos homens. Obviamente, os clérigos reconhecem que, para a Igreja em especial, a cada novo ciclo de vida e de gerações, é preciso aumentar, em proporção sobre-humana, os esforços para que a Igreja não perca o homem de vista, tragado pela velocidade e pela voracidade do materialismo e sua consequência maior, que são o egoísmo e a arrogância, que os fazem erroneamente crer ser possível viver apartados do espírito de Deus e da luz.
Neste ano, a Irmã Dulce, a Santa Dulce dos Pobres, canonizada em 13 de outubro passado, é a grande homenageada e também o papa Francisco, como modelos de bons samaritanos a serem observados por todos. Toda essa cerimônia anual é, de certa forma e guardadas as devidas proporções, também um momento político da Igreja Católica no Brasil, não no sentido ideológico e pragmático, praticados normalmente pelos partidos políticos, mas no seu sentido mais profundo de organização da sociedade a partir de seu núcleo formador, que é família, neste caso específico, todas as famílias cristãs.
O lema Fraternidade e Vida: dom e compromisso, inspirado em (Lucas 10,33-34) ,“viu, sentiu compaixão e cuidou dele”, faz referência à parábola do bom samaritano que age em solidariedade com seus irmãos, certo de que somos uma imensa família, vivendo nesta casa comum e comunitária, que é esse nosso planeta Terra.
A frase que foi pronunciada
“Liberdade política significa ausência de coerção de um homem pelo seu compatriota. A ameaça fundamental à liberdade é o poder de coagir, esteja ele nas mãos de um monarca, de um ditador, de uma oligarquia ou de uma maioria momentânea.”
Milton Friedman
Como antigamente
- Veja no Blog do Ari Cunha as fotos da missa realizada debaixo de um bloco no Noroeste no ano passado. A imagem parece Brasília das antigas que amamos muito.
Justiça seja feita
- Por falar em antigamente, corre nas mídias sociais uma matéria do Jornal do Brasil, datada da década de 1990, quando o então vereador Jair Bolsonaro (1989-1991) rejeitou o Opala, carro de luxo na época, oferecido pela Câmara carioca. Na justificativa, disse que sua casa era perto dali e que não havia necessidade desse gasto.
Eficiência
- Lá estava o caminhão do DER (veja a foto no Blog do Ari Cunha) na operação tapa-buracos da Barragem do Paranoá. A coluna reclama quando tem que reclamar e agradece quando tem que agradecer. Os milhares de motoristas que passam por ali estão mais seguros agora.
Educação
- A especialista, consultora, e advogada penal Débora Veneral distribui um texto em que mostra a situação do Acre como estado com maior número de detentos do Brasil. Dra. Débora, que é diretora universitária e consultora de unidades penais, diz que a situação é alarmante e aponta soluções. Veja no Blog do Ari Cunha.
História de Brasília
No que se refere a obras de Brasília, há um verdadeiro escândalo. O IAPM já gastou no DF 485 milhões de cruzeiros e não construiu um único bloco de apartamentos. (Publicado em 17/12/1961)