Começa hoje o período de preparação para o carnaval de 2021. Ou, pelo menos, assim deveria ser. A festa popular que arrebatou cidades antes pacatas durante a temporada momesca, como Brasília, Belo Horizonte e São Paulo, é uma nova realidade. Agitada, lucrativa e, definitivamente, sem volta. A tendência da festa é crescer e se multiplicar, pulverizando o movimento que antes se concentrava em poucas capitais, como Salvador e Rio de Janeiro, e cidades históricas. Cabe, sim, ao poder público desenhar esse crescimento para que seja suave, inteligente e, sobretudo, sustentável.
As centenas de novos blocos carnavalescos surgidos nos últimos anos animam os foliões com temas irreverentes, estilos musicais variados e percursos cada vez mais amigáveis e, com isso, atraem mais e mais pessoas. Os foliões ocupam os espaços públicos, alegram as ruas das cidades, promovem a inclusão e a diversidade e consomem. Muito. O saldo dessa relação, no entanto, precisa ser positivo para todos.
Os cidadãos que preferem não participar da festa precisam ter os direitos preservados durante a folia. Da mesma maneira, os blocos e seus fãs precisam ser respeitados e, mais que isso, todos devem ser protegidos. Por isso é importante que os preparativos para a próxima temporada tenham início ainda hoje, quando as administrações municipais e estaduais têm a primeira oportunidade de se debruçar sobre os erros e acertos da última edição.
Nesse aspecto, os próprios blocos e agremiações têm muito a ensinar. Organizam sua festa ao longo do ano inteiro, mantendo o engajamento dos membros, programando novidades para o próximo desfile e aquecendo aos poucos o interesse do cordão que pretendem arrastar. São meses de oficinas, ensaios e preparação envolvendo dezenas de pessoas com o objetivo comum de um cortejo bem-sucedido.
O mesmo se espera do poder público. Entre hoje e 12 de fevereiro próximo, estados e municípios precisam estabelecer e divulgar regras, estratégias e estruturas para a festa que se repetirá entre 13 e 16 de fevereiro de 2021. Os desafios serão, basicamente, os mesmos. Os resultados é que precisam melhorar. O planejamento responsável pode evitar embates de última hora e gerar mais conforto e segurança, tanto para o folião quanto para o cidadão que quer fugir da festa e garantir ruas limpas durante e depois da folia.
O sucesso do carnaval não se deve ao que ocorre entre o sábado e a terça-feira. Ao contrário, depende de análises, estudos, debates amplos e transparentes, projetos e ações elaborados entre a quarta-feira de cinzas e a véspera da próxima folia. O cidadão, o folião e as cidades merecem esse respeito.