Correio Braziliense
postado em 14/02/2020 04:06
O novo emprego, recente artigo do meu colega Merval Pereira, publicado no jornal O Globo, lançou luz sobre um tema sobre o qual tenho me debruçado nos últimos tempos. A necessidade urgente de requalificação dos trabalhadores na era digital resultou, inclusive, no livro “A educação na era do empreendedorismo sustentável”, publicado pelo UNICIEE- SP, no final de 2019.Muito se fala sobre o empreendedorismo no Brasil e sobre a sua importância – principalmente em períodos de recessão econômica. Dados recentes divulgados pelo governo federal informam que, anualmente, cerca de 600 mil empreendimentos são abertos em âmbito nacional. Com 39,4% de taxa de empreendedorismo, o Brasil registrou o seu melhor resultado nos últimos 14 anos. Os números recomendam que os esforços no país se concentrem na capacitação e na educação.
Há consenso de que um dos maiores desafios dos novos tempos é o emprego qualificado tecnologias digitais. As mudanças de paradigmas incidem não só na relação ensino-aprendizagem, como também nas relações trabalhistas e tributárias. O mundo inteiro está debatendo os novos rumos impostos pelo crescimento da economia digitalizada.
Com a indústria 4.0 batendo à nossa porta, o Brasil tem à frente uma série de desafios a serem enfrentados para aproveitar as oportunidades da nova revolução tecnológica. Além de requalificar as pessoas que já estão no mercado de trabalho, é preciso formar os jovens para esse novo paradigma tecnológico.
Não se pode pensar mais que uma pessoa, no mundo globalizado, termine seus estudos, ingresse no mercado e fique no emprego para o resto da vida, com as mesmas funções até se aposentar. Com as mudanças nas relações de trabalho em curso e o uso cada vez maior da tecnologia, o principal desafio que o Brasil terá que enfrentar é a baixa qualificação dos trabalhadores.
É preciso qualificar mão de obra para lidar com máquinas, eletrônicos e robôs. O futuro do emprego está nas habilidades técnicas, aliadas a novas competências, como trabalho em equipe e capacidade de tomar decisões.
É necessário agir rapidamente, pois as transformações globais são velozes. Segundo o Mapa Industrial do Trabalho 2019-2023, elaborado pelo SENAI, o país precisa capacitar 10,5 milhões de pessoas até 2023. Profissões ligadas à tecnologia estão entre as que mais vão crescer nos próximos anos. A demanda por qualificação prevista pelo Mapa inclui, em sua maioria, o aperfeiçoamento de trabalhadores que já estão empregados.
Os países mais capazes de gerar qualidade de vida para suas populações são os que reconhecem que a inovação é um eixo fundamental do desenvolvimento. O Brasil é a nona maior economia mundial, mas está na 66ª colocação no Índice Global de Inovação, posição não compatível com sua grandeza. Para avançarmos como nação, é preciso programar, com urgência, uma agenda de políticas públicas de modernização. A educação, nesse sentido, é a chave para todo o desenvolvimento.
*Arnaldo Niskier é membro da Academia Brasileira de Letras e presidente do CIEE/RJ e professor emérito da UCAM
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