Ânimo histórico
Quando começaram a sair das pranchetas os primeiros traços que definiriam o desenho urbano e arquitetônico da nova capital do país, 60 anos atrás, o Brasil vivia um momento totalmente diferente do atual. A maioria das pessoas que estiveram unidas nesse projeto ciclópico de transferir a capital para o interior de Goiás é unânime em reconhecer que o país, naqueles distantes dias, vivia um clima de grande otimismo em relação ao futuro.
Esse era, para todos, o principal sentimento a animar as pessoas naqueles dias. Graças a esse entusiasmo ímpar que se apoderava de todos, foi possível a realização de tamanho empreendimento. Os desafios dessa empreitada eram enormes, mas a vontade parecia ser ainda maior. Não se conhece na história recente do país, outro momento semelhante em que grande parte da nação uniu esforços e dedicação voluntários para a realização de um projeto em comum.
Mesmo sabendo que o futuro sítio, onde seria implantada a nova capital, não tinha estradas que o ligassem ao restante do país, brasileiros de todos os pontos cardeais rumaram para a aventura que se apresentava com a construção de uma cidade do futuro. Para muitos, esse ânimo cívico incomum que levantava os brasileiros naquele instante tinha motivações, entre algumas outras explicações racionais, políticas e econômicas. Havia ainda certas interpretações extraordinárias, fundadas no esoterismo, que atribuíam à figura naturalmente magnânima e aglutinadora do presidente Juscelino Kubitschek uma certa áurea que fazia com que ele se portasse com um profeta bíblico a guiar seu povo rumo à longínqua terra prometida.
Isso não quer dizer que não havia, por parte dos políticos daquela época, uma oposição ferrenha à essa ideia que era tachada, entre outros adjetivos, de lunática. De fato, fazendo uma retrospectiva dos enormes empecilhos que havia pela frente, principalmente quando se sabe que, naquele período, o Brasil ainda ensaiava os primeiros movimentos em direção à construção de seu parque industrial.
As adversidades logísticas, materiais e humanas e mesmo de financiamento de um projeto desse porte eram tão imensas, e aparentemente intransponíveis, que o presidente cuidava, pessoalmente, da divulgação dos projetos. Para a realização desse monumental projeto, JK chegou a imprimir dinheiro sem lastro (ouro) real, pois sabia que tinha apenas o tempo de seu mandato para concluir Brasília.
Por conhecer, em seu íntimo, as dificuldades que tinha pela frente diante do projeto que era a própria razão de ser de seu mandato presidencial, JK vinha, constantemente, durante a semana visitar o andamento das obras. Algumas vezes, pelo andar apressado das horas, pernoitava na capital, seguindo no dia seguinte para a então capital federal, Rio de Janeiro, onde o ambiente político era sempre hostil e instável.
Não poder ficar muito tempo distante das duas capitais que fervilhavam, cada uma a sua maneira, obrigou o presidente a instalar o Poder Executivo a bordo de uma aeronave modelo Viscount, vencendo, seguidas vezes, a distância de mil quilômetros entre o Rio e Brasília. Uma epopeia que seguramente não se repetirá jamais.
A frase que foi pronunciada:
“ O número dos que nos invejam confirma as nossas capacidades.”
Oscar Wilde, escritor e dramaturgo inglês
Castração
» Em 2020, as castrações gratuitas de animais começam no próximo dia 18, na Administração Regional de São Sebastião. Antes, será necessário cumprir a fase de inscrição. Basta levar RG e CPF e um comprovante de residência.
De olho
» Moradores de 5.570 municípios, onde muitos acreditam estar a sede do Brasil real, voltarão às urnas para escolher prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. Serão milhares de candidatos, com os partidos podendo lançar até 150% do número de vagas existentes nas Câmaras Municipais.
Impresso já
» Legendas prometem fazer chover candidatos, mesmo com o estabelecimento do fim das coligações. Com um pleito dessa magnitude, talvez um dos maiores do mundo, é claro que as atenções de todos se voltam, mais uma vez, para a questão central, e ainda não estabelecida, de modo definitivo, pelo Supremo Tribunal Federal, do uso do voto impresso pelas urnas eletrônicas.
Tejo
» João Doria e empresários da comunicação conversando no restaurante Tejo, em Brasília. A informação é de um leitor assíduo.
História de Brasília
História de Brasília
A Novacap está disposta a reaver as granjas distribuídas a pessoas que não residem em Brasília, nem nunca tomaram posse da terra que lhes foi cedida. Há muita gente importante na primeira relação. (Publicado em 15/12/1961)