Parasita
Entre as muitas marcas do atual governo, uma delas é desconhecer a liturgia do cargo — isso vale para ministros e para o presidente. O ministro da Economia, Paulo Guedes, exagerou na dose. Qualificou os servidores públicos de “parasitas”. Pouco tempo depois da declaração, as redes sociais e os sites de notícias trouxeram a reação da categoria que, em grande parte, guindou o capitão para o mais alto cargo da República. Não faltou só polidez na declaração do ministro. Foi uma ofensa direta que atingiu, inclusive, os servidores do superministério que ele comanda. A máquina pública não funcionaria não fossem os servidores que lhe são subordinados. O problema não é o servidor, mas as políticas públicas que, em sua maioria, estão dissociadas dos anseios e necessidades da população, mas coladas com os interesses de grupos que desde sempre foram beneficiados com os que chegam ao poder, seja por amizade, seja por retribuição (alguns chegam a ser pagamento) pelos papéis que desempenharam no processo eleitoral. Os servidores são trabalhadores como quaisquer outros, exceto pelas vantagens que o setor público oferece, mas isso não os tornam “parasitas”. Quem suga o sangue dos cidadãos brasileiros são as autoridades com poder decisório do Três Poderes, que formam uma casta de autoritarismo, que deprecia segmentos inteiros de homens e mulheres, que diuturnamente, estão em atividade para fazer a economia girar. Até agora, as políticas de Guedes não beneficiaram os trabalhadores. A saúde pública segue infame. A educação está em mãos de alguém que parece ter fugido da escola. E a segurança pública é seletiva, com elevado aumento de execução de jovens negros. Tudo isso fruto de um discurso de ódio que envenena o Estado hospedeiro.
» Paulo Henrique Evans,
Jardim Botânico
» A que ponto o país chegou, um ministro de Estado querer fazer média às custas dos funcionários públicos de um modo geral, chamando-os de parasitas. Senhor ministro da Economia, o senhor deveria ter mais controle em seus pronunciamentos, até porque, conforme os noticiários de que temos conhecimento, o senhor nao é nenhum santinho. No serviço público, como na área privada tem os bons e também os parasitas. Agora, essa expressão vir do senhor é muito estranho e absurdo. Eu, na qualidade de presidente da República do Brasil, mandaria o senhor embora por justa causa, incompetência entre outros motivos. Nós, servidores públicos federais, estaduais e municipais só teremos a agradecer a Deus por sua demissão o mais rápido possível. O servidor público é o que ainda salva a nossa pátria, e dou como exemplo a Lava-Jato e outros.
» José Bonifacio,
Cruzeiro.
Regalia
Em 5 de janeiro, uma publicação do Yahoo me chamou a atenção e me veio à mente a seguinte questão: será possível isso mesmo? É a curiosa informação que o ex -presidente Lula, com inúmeros processos na Justiça, condenado em duas instâncias, livre como insistem os seus adeptos, solicitou o adiamento da audiência judicial, programada para 11 de fevereiro, para poder viajar ao Vaticano, onde tem uma reunião marcada com o papa Francisco no próximo dia 13, e que estará fora do país entre os dias 12 e 15 de fevereiro. Lê-se ainda que o pedido está em análise na 10ª Vara Criminal Federal. Fico a imaginar se, caso seja concedida essa autorização, se qualquer outro cidadão, nas mesmas condições em que se encontra o ex-presidente, teria essa impressionante e absurda regalia.
» Vilmar Oliva e Salles,
Taguatinga
Contemplação
Foram poucos minutos, pela manhã, e saindo em breve segundo tempo, pela tarde, deitei na rede e foi na varanda... Era sono não, mas foi por contemplação: céu azul, nuvens carregadas, e panorama bem claro; logo, passou uma aeronave do Corpo de Bombeiros...O chuá, ó perene chuá não era de cachoeira; o deslizar era mesmo som de automóveis! Vêm as pessoas (bem ali na Alameda Araucárias), e passeiam com seus cães; outras fazem ginásticas no parquinho público. De repente, entra na tela um banner do resultado de exame da morte do professor do CEF da 410 Norte — o anúncio eletrônico era do Correio Braziliense — li que o suco de uva, ingerido por ele, continha veneno; o corpo estava no IML. Mais para o fim da tarde, outras pessoas — em seus trajes esportivos ou não — caminhavam em direção ao Parque Ecológico de Águas Claras. Era um soprar de agradável brisa; fazia, assim, um tempo meio nublado. Ouvi um cantar de pássaros, um latir intermitente de cachorro em pouca idade; ouvi, ainda, algumas vozes de pedrestres nas passarelas externas de condomínios. Ao final, contemplei novamente o lindo céu, as plantas pequenas da varanda, dentre elas, duas pimenteiras bem cultivadas, meu cantinho das artes — e eis alguns de meus livros que prossigo em leituras, como eixo central a Bíblia Sagrada; e um exemplar recente do Correio Braziliense, que havia terminado de ler sobre o tal coronavírus, inclusive a decisão do governo federal sobre a vinda de brasileiros da China para a Base Militar de Anápolis(GO).
» Antônio Carlos Sampaio Machado,
Águas Claras