Promessas
Assim como eu, centenas de milhares de outros eleitores deixarão de acreditar nas promessas dos políticos, até mesmo as dos novatos. Sabe por quê? Vejam o exemplo do nosso governador Ibaneis Rocha: para entrar na política ele fez muitas promessas, e para desbancar seus adversários disse que era “o novo na política” e que estaria se candidatando para melhorar a situação do cidadão brasiliense. Prometeu que, se fosse eleito, no primeiro ano de sua gestão melhoraria a Saúde, Educação, Transporte e a Segurança Pública, e que pagaria a última parcela das 32 categorias de servidores públicos, aumento concedido na gestão Agnelo e esquecida no governo Rollemberg. Nenhuma dessas promessas foi cumprida. A Saúde continua capenga. A educação, uma desorganização. Os pais de alunos enfrentam filas quilométricas, dormindo ao relento na frente das escolas para garantir vagas para os filhos. Na Segurança Pública, vários tipos de crime vêm deixando muitos cidadãos que pagam os seus impostos em dia refém dos bandidos. O feminícidio tomou conta da nossa cidade — quase todos os dias uma mulher é agredida ou morta. O transporte público é o sofrimento dos cidadãos que necessitam usar ônibus, tendo que encarar todos os dias ônibus velhos e lotados. Diante de tudo isso, o governador deu um presente de grego à população: autorizou aumento de 10% nas passagens no início do ano. Se o governador sonha em se reeleger em 2022, lembraremos de todas as suas promessas não cumpridas.
» Evanildo Sales Santos,
Gama
Municípios
O Brasil é um dos pouco países que paga salários a vereadores. E paga muito bem. São cerca de R$ 18 bilhões por ano com salários, auxílios, verba indenizatória e outras regalias, aos 57.736 vereadores eleitos em 2016, nos 5.570 municípios existentes, segundo dados do Tesouro Nacional. E esse valor pode ser muito maior, uma vez que cerca de 65% dos municípios sequer disponibilizam informações contábeis e fiscais. Na maioria dos países, os vereadores não têm Câmara Municipal, se reúnem em locais gratuitos e debatem melhorias para a comunidade. De graça. No Brasil, vereador ganha dois terços dos salários do deputado estadual, que recebem dois terços dos ganhos de deputado federal. Nas câmaras municipais das cidades de pequeno porte, em sua maioria, os vereadores se reúnem no máximo duas vezes por mês. Se a comunidade local fosse consultada, salvo melhor juízo, com certeza proporia uma revisão na composição e nos custos. A criação de municípios, sem uma avaliação responsável e transparente com os seus custos na futura gestão é a razão maior do colapso financeiro de 63% dos municípios brasileiros. A receita gerada não dá nem para custear o funcionamento do legislativo e do executivo municipais. Com isso, as cidades utilizam parte do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para pagar a administração pública. Dessa maneira, sem investimentos, serviços essenciais como saúde, educação e saneamento ficam prejudicados, refletindo na qualidade de vida da população. Diante desse descalabro financeiro dos municípios brasileiros, ainda há deputados sanguessugas do dinheiro do contribuinte que incentivam a emancipação dos distritos.
» Renato Mendes Prestes,
Águas Claras
Literatura
Estou na leitura do livro Paidéia — A Formação do Homem Grego, de autoria de Werner Jaeger, com tradução de Artur M. Parreira. E, às vezes, é até preciso bem ter uma certa ousadia em buscar muitas preciosidades nas fontes do berço da civilização humana, conhecendo um pouco da base da cultura mundial, advinda daquelas terras gregas. E são exemplos de grandiosas lições oriundas de Pitágoras, Sócrates, Platão, Demócrito, Aristóteles, dados das principais escolas helenísticas (estoica e epicurista), Homero, Hesíodo (...), Demóstenes e muitas outras referências de peso da base de formação da história das pólis referenciais, tais como Atenas, Anfípolis, Argos, entre outras. Há, no livro, com propriedades altivas, que “o estilo e a visão artística dos gregos surgem, em primeiro lugar, como talento estético. Assentam num instinto e num simples ato de visão, não deliberada da ideia para o reino da criação artística. A idealização da arte só mais tarde aparece e veio, assim, no período clássico’’. O conjunto de capítulos, dessa enorme e maravilhosa fonte, e, sendo impressa pela Martins Fontes, conta bem e profundamente, o conjunto da obra com 1.413 páginas. Valem a pena, nessas alturas, as cândidas, reflexivas e mesuradas leituras. Em resumo: a obra é assim, mesmo, de peso literal e muito mais de excelente conteúdo.
» Antônio Carlos Sampaio Machado,
Águas Claras