No Brasil, como era praxe à época, as produções estrangeiras demoravam a estrear. Filmes levavam até três meses para entrar no circuito comercial. Com Os Simpsons não foi diferente. O seriado só pintou pela primeira vez por aqui em um sábado de abril de 1991, como uma das atrações da nova programação da Rede Globo para aquele ano. ;Uma família da pesada. Um supersucesso da tevê americana para gente de todas as idades;, dizia a chamada.
Em uma época em que a tevê a cabo ainda engatinhava e o acesso era restrito às áreas nobres do Rio e de São Paulo, o seriado transmitido pela tevê aberta logo virou uma febre entre os adolescentes e universitários da capital federal. Era assunto obrigatório nas rodas de conversa dos colégios e faculdades toda segunda-feira. Camisetas com Bart, mulher e filhos logo se tornaram desejo de consumo. Todo mundo queria ter uma. Assim como cadernos estudantis com a imagem da família mais americana que conhecíamos.
A linguagem utilizada, considerada revolucionária para a época, com críticas sociais e a presença de anti-heróis, como Bart ; o que se orgulhava de tirar notas baixas na escola ; e Homer ; que se mostrava preconceituoso em quase todos os episódios e tinha uma preguiça fora do comum, mas no fim acabava consertando os problemas criados ;, construiu uma legião de fãs. Mas, no entanto, a magia acabou, pelo menos para mim.
Praticamente três décadas depois que Os Simpsons chegou ao Brasil, vejo como uma série ultrapassada. As piadas sobre determinadas situações, grupos e culturas pararam no tempo. Se poderiam ser consideradas ;engraçadas;; nos anos 1990, hoje não tem mais espaço. Eu envelheci, posso ter me tornado uma pessoa mais chata, com outros gostos. Enjoar de uma série, creio que faz parte do processo da vida. Concorda?