A proximidade das festas de fim de ano impõe às autoridades do país um desafio imenso: o de conter o aumento dos acidentes, das mortes e dos feridos no trânsito. Uma combinação de fatores externos e de má condutas de parte dos motoristas tornam o ir e vir de qualquer cidadão muito mais perigoso: o excesso de velocidade, a pista molhada, a alcoolemia e o uso do celular ao volante.
A essa altura do campeonato, e diante da incapacidade dos governos em todas as esferas de enxergar a segurança viária como prioridade ;, só há um caminho para tornar o trânsito mais seguro para quem dirige e para quem nem carro tem: fiscalizar. Fiscalização não somente para aplicar as multas, o que deve ser feito a todo e qualquer cidadão que desrespeita a lei. Mas também para educar, orientar, lembrar a quem está no veículo e fora dele o que é óbvio: nada é mais importante do que preservar a vida nas vias.
Do ponto de vista objetivo, o Detran do Distrito Federal tem uma motivação ainda maior para trabalhar duro, juntamente com o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Juntos, esses órgãos precisam desenvolver uma estratégia para vencer essa guerra e bater a meta da Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2011-2020), que consiste em reduzir pela metade as mortes nas vias até o fim do próximo ano.
Para cumprir o compromisso assumido por governos de mais de 120 países, o DF precisa fechar 2020 com, no máximo, 225 mortes no asfalto. Para chegar lá, foram estabelecidas metas anuais e, a de 2019, não será cumprida. A projeção feita pelo Detran era de no máximo 247 óbitos. Porém, até novembro, haviam sido contabilizadas 254 mortes! Isso significa que, se não houvesse uma única morte em dezembro (o que já aconteceu), ao longo do próximo ano teríamos que reduzir esse total em 11,41% para cumprir a tarefa de casa. Não é impossível. Mas também não se pode dizer que a batalha será fácil.
O retorno da fiscalização eletrônica nas rodovias, se de fato ocorrer como determinou a Justiça, será uma grande aliada das autoridades públicas. Assim como as ações para inibir o condutor de dirigir alcoolizado. Mas há outras: frear as mortes de motociclistas e de pedestres. Enquanto os governos não se conscientizarem de que a epidemia de mortes nos deslocamentos diários precisa ter fim, tudo o que teremos serão ações pontuais, com efeitos aqui e acolá. E seguiremos empilhando e contando corpos. De velhos, de crianças, de ricos, de pobres, de negros, de brancos, de jovens, de homens e de mulheres. Vidas perdidas, na maior parte das vezes, por imprudência e por omissão do Estado.