Jornal Correio Braziliense

Opinião

Visto, lido e ouvido

O ouro de tolo dos fundos políticos

Na atual situação de confronto político vivido entre aqueles que apoiam as medidas do governo e as demais oposições, os maiores vencedores são justamente aqueles que se unem ao chamado Centrão, um conjunto formado por políticos oportunistas e utilitaristas, que aproveitam o momento de contendas acirradas para extrair vantagens, quase sempre de interesses próprios e imediatistas. O grupo formado por todos aqueles que saem perdendo é composto pela maioria da população, que se vê como cega, em meio ao tiroteio generalizado.

Diria o filósofo de Mondubim parafraseando um ditado antigo e muito conhecido: ;A oportunidade faz o Centrão;. É desse verdadeiro e imenso buraco negro que saem as mais nefastas propostas. É por esse ralo que são sorvidas as vantagens políticas mais antiéticas e contrárias aos anseios da população.

As deformidades impostas ao pacote anticrime oriundo do Ministério da Justiça, as propostas para o aumento no fundo eleitoral, as tentativas de reintrodução do imposto sindical, os projetos para blindar os políticos das ações de juízes de primeira instância, a demora na votação de uma lei restabelecendo a prisão após segunda instância, a obrigatoriedade das emendas parlamentares ficarem longe dos holofotes dos órgãos de controle e uma série de outras ideias e propostas, visivelmente antipopulares e transgressoras da boa conduta, brotam quase que diariamente desse aglomerado de espertalhões.

Disso tudo, resta apenas uma certeza: é preciso urgentemente uma reforma política que não apenas enxugue o número exagerado de partidos, mas, e sobretudo, que acabe com os famigerados fundos eleitorais e partidários, obrigando as legendas a buscarem sobrevida junto aos seus eleitores.

O dinheiro fácil, retirado à fórceps dos contribuintes, acostuma muito mal os partidos e seus dirigentes, retirando-lhes a capacidade de ligação umbilical com as bases. Cria uma espécie de representatividade às avessas, na qual as legendas, abarrotadas de recursos públicos, passaram a prescindir justamente dos eleitores.

Para um intento dessa natureza bastou apenas reunir um grupo político com o mesmo apetite para aprovar medidas que beneficiam unicamente esse grupo, não importando as repercussões. Curioso é que o mesmo farto e fácil dinheiro que falsamente parece ter comprado a independência dos partidos em relação aos eleitores, criando uma democracia de caciques, onde os chamados líderes decidem tudo em torno de centrões e outros grupos ardilosos, pode, pela vontade da população, se transformar numa maldição e numa praga.

Metamorfoseados em Midas modernos, esses grupos políticos poderão até possuir muito ouro em mãos, mas poderão perder o essencial, que é o poder da verdadeira representação popular. Essa é dada apenas para aqueles que a merecem por sua integridade moral e ética.


A frase que foi pronunciada
;O poder sem moral
converte-se em tirania;

Balmes, filósofo e teólogo espanhol.


Capacitação

; Um dos objetivos do secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, é disponibilizar nas delegacias pessoas capacitadas para o atendimento aos cidadãos. Principalmente no tocante à recepção de denúncias feitas por mulheres. É preciso sensibilidade para que as vítimas não desistam da denúncia.

Ponto final

; ;Não sou mais parlamentar. Não me perguntem nada sobre Congresso Nacional ou STF. Os poderes são independentes e não estou aqui para causar conflitos.; É assim que o presidente Bolsonaro responde aos jornalistas que tentam arrancar qualquer opinião sobre votações.

Na balança

; DPVAT está longe de ter caráter social. As milhares de famílias que ficarão sem indenização com o fim desse famigerado seguro pesarão na balança contra os milhões de brasileiros que pagam um valor criado para fins não vivenciados.

Reunião

; No blog do Ari Cunha, deste domingo, a foto do encontro das desembargadoras aposentadas e diretoras de aposentados das Amatras Mato Grosso: Maria Berenice Carvalho Castro Souza; Bahia: Marama dos Santos Carneiro; Campinas (SP); e da 10; Região (DF/TO): Heloísa Pinto Marques e Terezinha Célia Kineipp Oliveira.


História de Brasília
Esse rearmamento moral não nos está cheirando muito bem. Ninguém paga nada, os governos não colaboram, e a gente precisa saber de onde saem as verbas para as viagens de tanta gente. (Publicado em 12/12/1961)