No dia a dia, contudo, o que prevalece, para horror do país, é a infantaria cibernética entre bolsonaristas e petistas. Movido a troca de acusações e fake news, o bombardeio mantém acesa a insana polarização ideológica que condena o país às trevas. Esse fogo cruzado, que começou com o ;nós contra eles; ainda no primeiro governo Lula, dizimou os partidos de centro, como o DEM e o PSDB, que nunca se armaram até os dentes para a guerra suja na internet. Foi aí que a extrema direita, aproveitando-se do vácuo, entrou na guerra com Bolsonaro à frente.
Diante do despreparado capitão reformado, o PT, mesmo com Lula atrás das grades, vislumbrou uma vitória fácil. Desdenhou de aliados, como Ciro, e foi à guerra com um novo poste, Fernando Haddad. Apesar do vexame em São Paulo, em que Doria derrotou o então prefeito em primeiro turno, o partido surgido no ABC paulista apostou no ex-ministro da Educação. Dimensionou mal a rejeição do Brasil à sigla depois dos seguidos escândalos do mensalão, do petrolão e do desastrado governo Dilma, que deixou como legado esse fundo do poço do qual ainda nos debatemos para sair: a pior recessão da história, com empresas quebradas e milhões de desempregados.
[SAIBAMAIS]Muita gente cita o Bolsa Família, programa de distribuição de renda, como o grande ;avanço social; do governo Lula. Mas, ao perguntar a Dirceu sobre o que representava o programa, Hélio Bicudo tomou um choque de realismo político: ;São mais de 40 milhões de voto;, teria dito o pragmático petista, conforme relata Bicudo. Um dos fundadores do PT, o jurista contou que ficou estarrecido e desiludido com a resposta.
Só a educação de boa qualidade pode salvar o Brasil do atraso que bate à porta. Estudo da UFRJ mostra que, nas duas próximas décadas, a automação movida a novas tecnologias ameaçam tirar nada menos que o emprego de 27 milhões de brasileiros. Para escapar da tragédia anunciada, o país precisará de centenas de Rodrigos e Tabatas. Mas, por enquanto, o que nos resta são Lula e Bolsonaro. Dá pra enxergar algum futuro?