Tenho certeza de que o leitor viveu a experiência. O celular toca. É um número desconhecido. Ao atender a ligação, vem a surpresa. É um serviço de telemarketing ou a ligação cai. Há também o envio seguido de disparos de SMS. Tem de tudo. Promoção de aplicativos de comida e de transporte; chance de portabilidade para outra empresa de telefonia; oferta de empréstimos; lojas em liquidação. São ligações e envios de mensagem que ocorrem a toda hora em uma frequência impressionante.
E sabe qual é o país campeão de ligações indesejadas? Sim, o Brasil. É o que mostra um levantamento feito pela Truecaller, uma empresa especializada em rastrear e bloquear telefonemas indesejados. Segundo os dados divulgados pela companhia, cada brasileiro recebe, em média, 45 ligações mensais não desejadas, como são chamados os spans. Um aumento de 21,6% em relação ao ano passado, quando a média estava em 37,5 telefonemas indesejados por mês. Detalhe, segundo a Truecaller, as operadoras de telefonia são responsáveis por praticamente metade das chamadas (48%).
O levantamento chama a atenção para um grande problema que está em expansão no Brasil: as tentativas de golpe pelo celular. Há dois anos, segundo a Truecaller, 1% dos spans era relacionado a fraudes. O percentual subiu para 20% das chamadas indesejadas em 2018, e atingiu 26% agora em 2019.
De acordo com a empresa, são dois os golpes mais comuns. O primeiro é receber a ligação de um número desconhecido (normalmente internacional) que gera uma chamada perdida. Ao ligar de volta, é cobrada uma taxa alta para falar com esse número. A segunda forma é a mais complicada e tem feito várias vítimas. Trata-se do falso sequestro. O bandido liga e finge que sequestrou alguém da sua família. Em troca, pede créditos de celular ou transferência bancária. Ainda não entrou no radar da empresa, mas o roubo da conta do WhatsApp também está em expansão, como mostram os registros policiais.
E aqui entra o papel das autoridades. É preciso uma ação rápida de conscientização da população sobre o modo de atuação das quadrilhas. A campanha precisa ser espalhada por todo o território nacional. Com a popularização dos smartphones e democratização do acesso à internet, é cada vez maior a quantidade de pessoas vulneráveis aos criminosos que não têm as informações necessárias. É urgente!