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Opinião

Visão do Correio: Crescimento do PIB gera alívio

O presidente Jair Bolsonaro aproveitou seu discurso no fórum O Controle do Combate à Corrupção, em Brasília, para revelar que não foi surpreendido e que esperava um bom resultado do PIB.

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Toda vez que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está prestes a divulgar o índice do Produto Interno Bruto (PIB), autoridades e analistas de plantão ficam ansiosos, pois, nos últimos tempos, vêm sendo surpreendidos negativamente. O anúncio do IBGE, ontem, de que a soma de todos os bens e serviços produzidos no país cresceu 0,6% no terceiro trimestre, na comparação com o trimestre anterior, acabou transformando-se em certo alívio para o mercado e o governo federal. As instituições financeiras não apostavam em crescimento superior a 0,4% ; algumas não arriscavam taxa maior do que 0,2% . No acumulado do ano ; últimos quatro trimestres terminados em setembro ;, a elevação foi de 1%, se comparada com o mesmo período anterior.

Economistas destacam que se o PIB não chegou a deslanchar, como é aguardado desde o fim da recessão de 2015 e 2016 ; em 2017, o país teve o fraco crescimento de 1,1%;-, pelo menos mostrou que vem registrando uma melhora contínua, o que sinaliza, positivamente, para o desempenho da economia no próximo ano. Já se fala em um índice de 2,2% para 2019, o que pode significar a consolidação da retomada econômica. Alguns indicadores, como o aumento dos investimentos (2%), por exemplo, demonstram a volta da confiança dos investidores e a promessa de um futuro melhor.

A boa performance da indústria, com expansão de 12% do setor extrativo ; com destaque para a exploração do petróleo e apesar da retração da área de mineração, por causa da tragédia de Brumadinho ;, também é comemorada. Outro dado significativo foi o comportamento positivo da construção, o que mostra a volta da compra da casa própria pelas famílias e até por quem quer investir no mercado imobiliário, devido à taxa Selic mais baixa da história. O movimento descendente dos juros derrubou a renda fixa, o que provocou a opção pelos imóveis dos que ganhavam na ciranda financeira.

Os índices do IBGE mostram que, no acumulado do ano até setembro, o PIB cresceu o mesmo percentual em relação ao mesmo período do ano passado. Em valores totais, atingiu R$ 1,842 trilhão no terceiro trimestre de 2019. A agropecuária apresentou a maior alta, com taxa de 1,3%, seguida da indústria, com elevação de 0,8%; e dos serviços, que subiu 0,4%. Todos os percentuais se referem ao trimestre anterior. O setor destoante foi o de exportações, que caiu 2,8%, mas as importações subiram 2,9%, evidenciando o aquecimento da produção.

O presidente Jair Bolsonaro aproveitou seu discurso no fórum O Controle do Combate à Corrupção, em Brasília, para revelar que não foi surpreendido e que esperava um bom resultado do PIB. Disse, ainda, que a equipe econômica prevê mais crescimento em 2019. O que ele e seus auxiliares não podem esquecer é que sem as reformas estruturantes, com maior urgência para a tributária e a redução do Estado, dificilmente o país alcançará taxas de desenvolvimento que podem transformá-lo em ator de peso na arena global, além de aplacar o sofrimento de milhões de brasileiros que continuam sem emprego e sem uma renda digna.