Dulcina vive!
No sábado último, a 52; edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chegou ao fim premiando o filme Dulcina, de Glória Teixeira, na Mostra Brasília BRB de Cinema, em quatro categorias. A produção é uma ode necessária à história de Dulcina de Moraes, um dos maiores nomes do teatro brasileiro que, muitas vezes, fica esquecido por não ter feito uma carreira no cinema e na televisão, espaços com mais projeção com o grande público.
Exibida no festival no segundo dia da mostra, Glória Teixeira levou mais de 10 anos para concluir a obra. A cineasta, cria da Faculdade Dulcina de Moraes, localizada quase no coração da capital federal ; no Conic ;, captou mais de 40 horas de depoimentos de artistas, entre eles nomes como Fernanda Montenegro, Emiliano Queiroz e Ruth de Souza, que conviveram com Dulcina para montar um belo resumo da trajetória dessa dama do teatro.
A diretora teve o cuidado de contextualizar quem foi Dulcina e mostrar a importância dela para os palcos, seja no momento em que tirou o ponto ; pessoa que ficava embaixo do palco lendo as falas para os atores e as atrizes ;, seja quando lutou pela profissionalização do ofício de ator. Também contou da bela relação de Dulcina com Brasília, cidade que ela acreditou e investiu ao criar uma faculdade de artes, que tanto resiste no quadradinho.
A homenagem de Dulcina chega tarde, como, muitas vezes, acaba acontecendo. Mas é extremamente necessária, principalmente em tempos em que a memória cultural se perde a cada dia. Dulcina é um exemplo de luta, de resistência e de persistência. Que ela continue inspirando aqueles que a conhecem, e que chegue como um sopro de estímulo a toda uma nova geração. E que Glória Teixeira consiga levar esse documentário, que mistura depoimentos, imagens de arquivo e encenações ; muito bem-feitas pelo quinteto de atrizes Bidô Galvão, Carmem Moretzsohn, Françoise Forton, Iara Pietricovsky e Glória Teixeira ; Brasil e mundo afora. Assim, Dulcina e todo esse legado vivem!