Jornal Correio Braziliense

Opinião

Visão do Correio

Empresas ambientais


Na contramão das ações do governo no campo ambiental, que vêm recebendo constantes críticas, empresas brasileiras se mobilizam em favor da sustentabilidade e da proteção ao meio ambiente. Grandes players do setor privado estão solicitanto às autoridades da área clareza e segurança regulatória para que possam se engajar na luta pela mitigação dos gases de efeito estufa, responsáveis pela elevação da temperatura global e que provocam transtornos às populações em várias regiões do planeta. O que vem sendo feito pelo agronegócio de alta tecnologia, que tem adotado, com firmeza, as políticas ambientais, é um bom exemplo dessa participação em favor do equilíbrio do meio ambiente.

Cada vez que o Brasil se afasta mais de sua posição de liderança e protagonismo na questão ambiental, construída desde a última década do século passado, o país abre espaços que estão sendo ocupados por competidores internacionais, como a China. O gigante asiático vem se tornando líder na geração de energia limpa. A Índia não mede esforços para substituir a matriz energética do carvão, grande vilã na emissão de CO2. E nos Estados Unidos, onde a Casa Branca despreza todas as medidas em defesa do meio ambiente, a sociedade civil, políticos e a iniciativa privada se mobilizaram para criar o movimento We are still in (Ainda estamos dentro), com o intuito de agir de forma unilateral e voluntária, deixando o governo federal para trás.

Foi longo e difícil o caminho percorrido pelo Brasil para se tornar um dos principais protagonistas nas discussões e ações globais referentes à pauta ambiental. A Rio-92 (Conferência da ONU para o Meio Ambiente e Desenvolvimento) foi um marco no avanço da política para a área. Documento assinado por 179 países ratificou os compromissos para a abordagem de temas críticos, como biodiversidade, mudança do clima e desertificação.

A Agenda 21, também resultado do encontro, estabeleceu importante marco na relação entre meio ambiente e desenvolvimento, com o objetivo de se criar um novo padrão de desenvolvimento, tendo em vista a proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. O plano de ação estabelecido pela Agenda 21 reconheceu que os governos dos países signatários não podem agir sozinhos, sendo fundamental o envolvimento das administrações estaduais e municipais, ONGs, sociedade civil e a iniciativa privada.

A Rio-92 foi o início de um grande movimento global que culminou na definição dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM), em 2000, e nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), em 2015, também conhecida como Agenda 2030. Hoje, o setor privado é pilar fundamental na transformação econômica, social e ambiental. Especialistas destacam que modelos de negócios sustentáveis podem gerar US$ 12 trilhões e criar 380 milhões de empregos até 2030. O certo é que esta é uma realidade sem volta, na qual a sustentatibilidade deixa de ser um conceito e passa a direcionar os negócios. E a iniciativa privada pode tomar a dianteira desse movimento.