Jornal Correio Braziliense

Opinião

Megaleilão do petróleo

O Brasil, com os sucessivos recordes na produção de petróleo na área do pré-sal, consolida, a cada dia, sua posição de um dos principais fornecedores mundiais do combustível fóssil, que ainda terá protagonismo substancial na economia global nas próximas décadas. O país dará um salto de produtividade com a realização do megaleilão do pré-sal marcado para esta semana e que despertou grande interesse no mercado internacional ; 17 empresas se habilitaram. Serão ofertados de 6 bilhões a 15 bilhões de barris, de acordo com estimativa da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

A previsão é de uma arrecadação de até R$ 106 bilhões, a serem distribuídos entre a União, estados e municípios, o que será um aporte muito bem-vindo às combalidas finanças públicas. Entre as petroleiras que vão participar do grande leilão, estão gigantes mundiais como as americanas Exxon e Chevron, a anglo-holandesa Shell, a britânica BP, a francesa Total e a norueguesa Equinor. O governo oferecerá o direito de retirar petróleo e gás em quatro reservas descobertas pela Petrobras na Bacia de Campos.

A expectativa é de que o país, até 2030, seja um dos pilares de sustentação da expansão da oferta mundial de petróleo, atrás apenas dos Estados Unidos, com sua produção de óleo retirado do xisto, segundo especialistas da Agência Internacional de Energia (AIE). As jazidas brasileiras são cobiçadas pelos maiores players do setor, pois representam o que existe de mais promissor na indústria mundial de óleo e gás. O que está sendo ofertado para o mercado global, com o megaleilão da cessão onerosa de depois de amanhã, é um dos maiores da história do setor, sem paralelo nos últimos anos.

O Brasil tem os recursos petrolíferos ao longo da costa marítima (offshore) mais produtivos do mundo. Enquanto no Golfo do México são extraídos, em um poço, de 12 mil a 13 mil barris de óleo por dia, no pré-sal, a produtividade pode chegar a 60 mil barris/dia. O megaleilão deve acrescentar mais de 1,2 milhão de barris diários ao mercado global até 2024, ou seja, um aumento de 45% em comparação com o que foi produzido no ano passado.

Economistas apontam que esse salto de produtividade que o país está dando se deve, fundamentalmente, às mudanças feitas nos últimos dois anos na área de exploração de petróleo, deixando para trás preocupações ideológicas retrógradas de governos passados que engessavam o setor. Posicionamento ideológico que afugentava os investidores. Com as reformas, outros operadores se habilitaram a participar da exploração do chamado ouro negro, o que antes era prerrogativa apenas da Petrobras.

O incremento na produção de gás é outro ganho significativo para o país com o megaleilão, sobretudo em tempos de preocupação com questões ambientais relacionadas às mudanças climáticas e à emissão de dióxido de carbono. Com o incremento da oferta de gás, o Brasil dá importante contribuição para a redução da poluição mundial e ganha terreno na inexorável mudança da matriz energética rumo às fontes de energia limpa.