A morte de Abu Bakr Al-Baghadi deve se reverter em capital político para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A eliminação do líder do Estado Islâmico reafirma o poder militar da Pax Americana, capaz de perseguir e destruir o inimigo onde quer que ele esteja. Também anula, em tese, uma das principais ameaças ao Ocidente. Um grupo tirânico que semeou carnificina e horror nos últimos anos, atacando indiscriminadamente civis na França, no Reino Unido, no Iraque, na Síria e em outras nações. Selvagens que se intitulam adoradores de Alá e de Maomé enterraram crianças yazidis; estupraram curdas; executaram prisioneiros mergulhados em piscinas dentro de jaulas; lançaram homossexuais do alto de prédios; entre outras barbaridades.
O califado islâmico, que se estendia em uma ampla faixa dos territórios iraquiano e sírio, foi virtualmente ceifado pelas forças norte-americanas. Dias antes da operação que matou Al-Baghdadi, no noroeste da Síria, as tropas dos EUA tinham se retirado da região e deixado o caminho livre para uma ofensiva da Turquia contra os curdos. Durante a incursão, centenas de prisioneiros pertencentes ao Estado Islâmico conseguiram fugir, o que representou um revés para a situação de segurança na região. Ainda que o ressurgimento do califado seja improvável, a presença dos autointitulados mujahedine (;guerrilheiros islâmicos;) no Oriente Médio é ponto sensível. Há quem diga que o fato de Al-Baghadi ter se imolado com a explosão de um cinturão-bomba o torna mártir aos olhos dos seguidores, que poderiam se mostrar ávidos por uma vingança.
Al-Qaeda, Estado Islâmico, Abu Sayyaf. Grupos terroristas que decapitaram e impuseram sua lei de morte perderam força com o tempo. O combate ao extremismo, no entanto, requer medidas mais pontuais. Fundamentalistas se aproveitam da xenofobia vomitada contra muçulmanos estrangeiros em países europeus para investirem na lavagem cerebral e no recrutamento de potenciais jihadistas, por meio de panfletagem na entrada de mesquitas. É preciso atacar esse comportamento, além de supervisionar as madraças ; escola do Corão ;, principalmente aquelas que ensinam e apregoam a versão mais distorcida possível da sharia (lei islâmica). A praga do terrorismo deve ser eliminada com ações de inteligência aliadas a estratégias militares e econômicas, no sentido de dissecar as fontes de recursos das facções.