Das coisas impossíveis de se fazer na vida, diria que converter um falso está no topo. Nem com muita fé se opera esse milagre. A falsidade é a lenha mais inflamável dessa fogueira de vaidades que leva a público intenções privadas. Ter duas ou três caras, a depender da situação que se apresenta, é ausência de caráter. Simples assim. Essa pessoa não vai mudar e vai se aproveitar de qualquer brecha para deixar escapar sua versão mais podre, atacando a quem apareça no caminho para discordar. Saiba que ela sequer te detesta; ela apenas precisa invocar sua imagem para encobrir a face triste e sem opinião própria dela mesmo. O falso se apropria do discurso alheio, seja ele qual for, quantas vezes forem necessárias. Faz isso para se manter em harmonia com a linha de pensamento que lhe beneficia no momento.
Isso vale para a nossa vida pessoal e vale para a sociedade, em especial para as discussões políticas, que reverberam neste vasto e louco mundo das redes sociais. Crises diversas começam a todo instante via Twitter e similares. Vide os embates do PSL, partido do presidente Bolsonaro, e o julgamento no STF da prisão em segunda instância. Haja assunto, debate, xingamentos, absurdos de toda sorte e uma multidão de falsos a jogar pedra a favor de onde o vento sopra.
Eu poderia dizer: reaja com força; responda à altura; grite de volta. Mas meu sangue pernambucano esfria quando penso em toda a complexidade dos nossos tempos e no que verdadeiramente importa nesta vida. Precisamos de sabedoria, autenticidade, verdade. Precisamos rever condutas para não repeti-las. Precisamos nos desculpar quando erramos e abraçar quando perdoamos. Antes de tudo, precisamos ter ao nosso lado pessoas de bom senso, que exercitam dia a dia a arte de saber ouvir e respeitar a opinião do outro. Há um mundo bem sujo aí fora, não deixe que ele entre em você.