O petróleo é nosso?
Millôr Fernandes, talvez um dos poucos e últimos que entenderam tão bem o jeitinho da alma brasileira em todas as suas nuances de luz e sombra, pouco antes de falecer, em 2012, resumiu com precisão o desbotado quadro ético da política nacional. ;Acabar com a corrupção, disse, é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder;. Estivesse vivo, embora pudesse contar para suas análises certeiras com uma fonte abundante e inesgotável de escândalos produzidos diariamente pelo governo e as principais lideranças do país, por certo Millôr teria jogado a toalha e desistido de tentar decifrar uma nação tão singular quanto polêmica.
No caso que se apresenta agora com relação ao contínuo aumento nos preços dos combustíveis, determinado pela política de liberdade tarifária adotada pela Petrobras, Millôr, já na década passada, havia profetizado numa frase sintética o verdadeiro sentido que se esconde por detrás do ufanismo pespegado a essa estatal e que faz dela uma espécie de ícone do nacionalismo caboclo. ;O petróleo é nosso, mas a conta bancária é deles;, disparou.
De fato, essa empresa que vem desfilando impávida por governos dos mais diferentes vieses ideológicos, servindo desde Getúlio, passando pelos militares até aos governos pós-abertura, nunca escondeu, em suas diretrizes, agir em consonância direta com os ditames do governo de plantão, com os humores ciclotímicos do mercado, com as expectativas de grandes lucros dos acionistas e, finalmente, com muitos interesses em bônus e outras prebendas para seus executivos, incluídos aí o enxame de políticos que sempre se acercou dessa empresa.
Embora pesquisas avaliem que há ainda uma maioria na população que se posiciona contra uma eventual privatização da empresa, um fato chama a atenção: quanto mais escolarizados são os entrevistados, mais alto é o índice em favor da privatização, não só dessa estatal, mas de todas as demais.
O fato é que, aos poucos, os brasileiros, de um modo geral, vão percebendo que o simples ostentar da crença de que possuímos uma poderosa estatal do petróleo e que, por isso, seguimos incólumes aos solavancos do mundo, não é, absolutamente, um bálsamo para ninguém. Em meio a uma crise econômica que parece, não arrefecer desde 2014 e que acabou por levar essa empresa ao fundo do poço da credibilidade, sendo inclusive processada por uma multidão de acionistas estrangeiros em bilhões de reais, a Petrobras continua apresentando um comportamento, digamos, incompatível com a realidade nacional momentânea.
Para um país que, por diversas razões, preferiu montar sua economia sobre uma infraestrutura predominantemente viária, movida a combustível fóssil e que ainda por cima tem passado décadas atado a um monopólio cheio de contradições, os aumentos constantes nos preços do óleo diesel e na gasolina, impostos pela estatal, demonstram, na prática e pela enésima vez, que esse exclusivismo, do tipo verde-amarelo, se resume a uma ilusão, construída ardilosamente apenas para manter vivo um mastodonte que não se abala em pisar na população.
A frase que foi pronunciada
;Holofotes mudam os políticos.;
Carlos Bolsonaro
Calçadas
; Há dinheiro no GDF para calçadas em todas as regiões administrativas. O diretor de Urbanização da Companhia, Luciano Carvalho, dá a dica aos contribuintes sobre como estreitar a relação com a administração do local onde mora e solicitar a obra.
Reconhecimento
; Bombeiros e policiais recebem apoio do senador Izalci Lucas e do governador Ibaneis Rocha. Fotografados com o documento que justifica o aumento salarial para as duas categorias, o próximo passo é encaminhar a proposta ao governo federal. Apenas uma pendência ainda não foi resolvida. O governador prometeu chamar a última turma do último concurso dos Bombeiros. A defasagem no quadro é patente.
História de Brasília
Se, ao seu desembarque, não houvesse os ;cerca o homem;, todos haveriam cumprimentado o senador, sem aquela cena constrangedora do dr. Israel Pinheiro se retirar para a estação de passageiros, porque não podia se aproximar do senhor.
(Publicado em 01/12/1961)