Jornal Correio Braziliense

Opinião

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A boa política é só para o bom entendedor


Para os políticos, o clamor das ruas por responsabilidade, ética e comedimento não incomoda, principalmente no espaço vazio entre uma eleição e outra. Segundo pesquisa elaborada pela Pulso Brasil da Ipsos em 2016, os efeitos produzidos pela Operação Lava-Jato junto aos brasileiros fizeram com que 82% da população considerasse os partidos políticos como entidades absolutamente corruptas.

Essa situação produz um efeito ruim sobre o cidadão que passa a ver a política como atividade demasiadamente onerosa e prejudicial ao país, uma vez que consome montanhas de recursos materiais, absorvendo elevada energia do Estado, apenas para proveito próprio. Há uma decepção dos eleitores com a grande maioria dos políticos. Isso é visto claramente nos espaços públicos, onde os políticos são cada vez mais destratados.

Pouquíssimos candidatos, isoladamente, têm conseguido se destacar da turba partidária, justamente por construir uma imagem de integridade e por pregarem uma cultura ética. Se, dentro do parlamento, essas aves isoladas não fazem sucesso, com o eleitorado, o caso é o oposto. A vantagem de mostrar que a ética é uma prioridade na vida política confere a esses personagens grande visibilidade em relação a todos os demais.

Qualquer analista sabe muito bem que, se as leis anticorrupção fossem aplicadas, conforme o desenho desejado pelos cidadãos, praticamente todos os partidos políticos seriam varridos do cenário nacional. O que poucos sabem é que a corrupção que, à primeira vista ,parece favorecer alguns grupos políticos, é uma ferrugem poderosa que vai corroer as bases nas quais se assenta, levando-os à derrocada cedo ou tarde de forma irreversível, transformando-os em zumbis a vagar pelos corredores do poder.

Da mesma forma que candidatos que agem de modo ético possuem vantagens sobre os demais, também os partidos que apresentarem essa mesma imagem conseguirão os mesmos efeitos junto ao eleitorado. A luta por uma forma de atuação política mais limpa atrai naturalmente mais eleitores e por um simples motivo: é isso que os cidadãos esperam, não só dos partidos políticos, mas de todos aqueles que desejam estabelecer relações duradouras.

O processo de despolitização começa quando os partidos políticos deixam de seguir por trilhas éticas, se aventurando em práticas nebulosas de retorno imediato. Com isso, os cidadãos abandonam a política e passam a depositar confiança em outras instituições que garantam seus direitos, mesmo que essas instituições não possam, por lei, praticar política, como é o caso das Forças Armadas.

Hoje, sabe-se que essas instituições armadas têm mais apreço ao cidadão do que os partidos políticos. Ao destruírem a prática política, com ;P; maiúsculo, os partidos acabam por despolitizar o Estado, enfraquecendo a representação popular, que é o motor da democracia e razão de ser do próprio Estado. A persistirem nessas práticas pouco éticas, os partidos permitem que o Estado eleja um novo gestor fora do ciclo democrático, o que zera a oportunidade das legendas de participarem efetivamente da vida política de um país.

Como se vê, os efeitos nefastos do desvirtuamento dos partidos são imensos e duradouros não só dentro do Estado e da sociedade, mas para os partidos que perdem a razão de existir e são postos de lado sem choro e sem vela. A questão aqui é refletir sobre o futuro e se vale mesmo a pena prosseguir por esses caminhos tortos.

  • A frase que não foi pronunciada
    ; O amigo deve ser como o dinheiro, cujo valor conhecemos antes de termos necessidade dele.;

    Sócrates, filósofo ateniense


Botânico

; Aline De Pieri é uma entusiasta pelo Jardim Botânico de Brasília. Projetos de revitalização da área, a volta da arte entre a natureza, loja de souvenirs e as portas abertas para estudos científicos são os passos dados. A diretora do Jardim Botânico quer que as pessoas percebam que ali não se trata de apenas um parque dentro da cidade, mas de um local onde a arte e a ciência convivem em harmonia.


Pauta

; Tragédia é o nome do concerto que acontecerá, hoje à noite, na Igreja Adventista de Brasília, na 611 Sul, às 19h30, com entrada franca. No repertório Schubert ; Sinfonia 4 em dó menor. A outra peça, de Samuel Kr;henbühl, será apresentada pela primeira vez ao mundo, o Psalmi 8. A presença do compositor, com a regência de Eldom Soares e a interpretação
da orquestra Sinfônica da Unasp, coral Ad Infinitum e coral Adventista, é convite para a comunidade de Brasília.

  • História de Brasília
    Uma coisa com o dr. Juscelino. Os seus ;íntimos;, que o cercam nos desembarques, nas lutas de cotoveladas, bem que podiam ser mais comedidos. Fidelidade e amizade não são fazer o que eles fazem. (Publicado em 1/12/1961)