O que é a paz quando se pode ser assassinado no trânsito pelo simples fato de ter atravessado o caminho de seu algoz? Quando a mãe chora copiosamente sobre o caixão do filho a dor da eterna saudade que trai a sequência natural da vida? Quando alguns membros da polícia se corrompem ou seguem à risca a política genocida de engravatados enfurnados em seus gabinetes com ar-condicionado e outras benesses? Como acreditar na paz quando mulheres são reduzidas a objetos de prazer, propriedades alheias, seviciadas, torturadas, mortas por monstros que se julgam superiores por serem homens. Homens? Onde? Como?
Na semana de entrega do Nobel, talvez haja inspiração para buscarmos a esperança. O sonho de que todos os muros caiam e povos tenham como únicas diferenças o idioma e a cultura, mas se apeguem ao amálgama do amor, à linguagem universal. O sonho de que todo o ser humano seja tratado com dignidade e respeito, não importando sua classe social, credo, raça ou orientação sexual. O sonho de que nenhum governante imponha sobre seu povo matizes ideológicos que julgue mais adequado ou conveniente, extirpando o sagrado livre arbítrio e vilipendiando a liberdade de expressão, dos direitos humanos que deveriam ser invioláveis. A esperança de que as armas se calem por todo o sempre e as balas sejam trocada por rosas, abraços e sorrisos. Não seria um mundo perfeito? Seria a própria paz.