Jornal Correio Braziliense

Opinião

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Desde 1960 Circe Cunha (interina) // circecunha.df@dabr.com.br




Um olhar sobre nossos bens naturais

Após o período mais intenso das queimadas que este ano varreram boa parte de nossas matas, matando milhares e milhares de espécies de animais e plantas, de norte a sul do país, é necessário, a exemplo do que fazem os bombeiros nos rescaldos dos sinistros, a realização de um levantamento sério, para que se conheça os reais prejuízos causados pelas queimadas em 2019.

De certo, os prejuízos, apenas no âmbito da diversidade biológica, serão catastróficos. O que aconteceu este ano equivale, em termos de pesquisas científicas e de preservação, a dezenas de incêndios como aqueles que consumiram os museus nacionais nos últimos anos. E pena que esse sentimento de perda irreversível só seja sentido por pesquisadores e cientistas que estão mais envolvidos com essas riquezas pouco cuidadas por nós.

Pela extensão das queimadas neste ano, é provável que algumas espécies de plantas e de animais, de que sequer tínhamos correto conhecimento, tenham se perdido para sempre. Sem o devido conhecimento do bioma que nos cerca e sua importância para nosso meio ambiente, em termos de simbiose e outras trocas, é certo que, a longo prazo, outras espécies venham sentir essa perda e acabem por desaparecer também. O equilíbrio do meio ambiente é delicado e sente as interferências humanas.

Pelo que conhecem os cientistas, e não é muito quando se trata do vasto bioma, algumas espécies de aves só se alimentam de determinados frutos, produzidos por determinada planta. Com o desaparecimento dessa espécie vegetal, também essas aves estão condenadas. O inter-relacionamento entre as espécies é um mecanismo delicado que trabalha como um relógio, o desaparecimento de uma peça produz um colapso em série para todo o sistema.

O mais triste em todo esse episódio, que expôs o país a um vexame internacional, é que essas tragédias parecem não ter surtido grande efeito internamente. Prosseguem as derrubadas de árvores, as queimadas para plantio e pasto e os garimpos ilegais avançam indiscriminadamente em toda a região Norte. Garimpeiros e outros poderosos lobbies que agem em cima da dilapidação do meio ambiente criam a sensação de que explorar essas riquezas, seja por que meios, é lícito e permitido aos brasileiros e aos índios.

Além disso, sinais erráticos emitidos por autoridades têm funcionado como um incentivo para a depauperação das riquezas naturais do país. Esse nacionalismo às avessas, que age com o pensamento de que ;é meu e faço com ele o que quiser;, é um caminho que leva seguramente à perda não só dessas riquezas em si, mas à perda da autoridade moral de posse sobre esses bens.

Não bastasse essa tragédia, o tráfico e contrabando de espécies de vegetais e animais ainda é uma prática corrente em nosso país. Trata-se da terceira maior atividade ilegal de todo o mundo, responsável, segundo pesquisadores, por retirar do meio ambiente dezenas de milhões de espécies a cada ano.

Além de exportar ilegalmente espécies de animais para todo o mundo, o Brasil passou também a importar espécies estranhas ao nosso meio ambiente, o que tem acarretado graves problemas para o equilíbrio ecológico interno. A fauna exótica introduzida pode se tornar invasiva, conquistar áreas muito maiores do que as previstas, suprimir a fauna nativa e transmitir novas doenças. Mais de 180 tipos de zoonoses transmitidas por animais já são conhecidos, alertam os cientistas.

No dia consagrado a São Francisco de Assis, protetor dos animais, e em que igrejas em todo o mundo abençoam os animais, é preciso um olhar de atenção com as espécies que habitam esse mesmo espaço e que aqui estão, muito antes da chegada dos homens e da civilização.



A frase que foi pronunciada
;A Legislação tem sido sempre interpretada ao sabor das conveniências, das circunstâncias e dos interesses localizados.;
Senador Álvaro Dias, sobre as decisões do STF


Consulta

; Volta e meia, seu celular toca, ou mesmo o telefone fixo, com um número de outro estado. Há um site onde você consulta números estranhos para saber a origem e um pequeno histórico sobre tentativas de golpe, presidiários, cobranças infundadas, etc. Veja no blog do Ari Cunha

Vistorias

; Cintos de segurança, extintores vencidos, freios e pneus são os maiores problemas dos transportes escolares.

Sucesso

; Brazil Expo Florida reúne mais de 4 mil pessoas no Broward Convention Center, evento com a presença, na cerimônia de abertura, do cônsul-geral do Brasil em Miami, embaixador João Mendes Pereira; do vice-governador de Mato Grosso do Sul, Murilo Zauith; do senador Eduardo Girão, além do vice-prefeito do condado de Broward, Dale V.C. Holness.


História de Brasília

; Quem chefia o gabinete do prefeito é Paulo Nogueira. Deixou Nova Iorque por Brasília, e não alega nunca este seu gesto, que só pode ser interpretado como a favor do Distrito Federal. (Publicado em 30/11/1961