;A minha neta, por acaso, estava armada, para poder levar um tiro?;, gritava Ailton Félix, o avô da menina. Ágatha era filha única. De olho em um futuro brilhante, fazia balé e inglês. Virou uma estatística macabra. Testemunhas garantem que um único disparo acertou Ágatha e que, ao contrário da versão da polícia, não houve troca de tiros com criminosos no local da tragédia. Ágatha está morta. Mas a imagem da menina sorridente, vestida de Mulher Maravilha, deveria se tornar um símbolo da luta pela paz, pela não truculência da polícia e por um Estado que não patrocine o assassinato de inocentes. No dia seguinte à morte da garota, o presidente da OAB-RJ, Luciano Bandeira, sintetizou bem a preocupação de toda a sociedade. ;A perspectiva que temos é que outras Ágathas virão;, afirmou.
Uma previsão assustadora. Mais caixões pequenos descerão à cova sem que algozes sejam punidos. Mais famílias serão sepultadas na dor do vazio e na saudade, enquanto poderosos defenderão sua política de enfrentamento com dados sobre redução de homicídios no Rio. E se Ágatha fosse neta de Witzel? Como o governador se sentiria nesse momento com sua ;política de segurança; sendo colocada em prática? Como olharia para o filho ou a filha sabendo que sua família foi tragada pelo efeito colateral? Ágatha Vitória Sales Félix, 8 anos, morreu porque era negra e pobre. E negros e pobres fazem parte de uma matança seletiva.