No início de setembro, o Fórum Econômico Mundial divulgou seu Relatório de Competitividade em Viagens e Turismo. No documento, o grupo de Davos analisa as potencialidades e limitações de 140 países, levando em consideração as variáveis que estruturam o setor.
Apesar de nossos 7.367 km de sol y playa, principal atrativo da Espanha, a maior potência turística hoje; o Brasil teve queda de cinco colocações em relação ao último relatório. Nossa 32a posição nos coloca abaixo de países como Islândia e Finlândia ; com todo respeito aos amantes do frio. Comparados a nossos vizinhos, os números são trágicos. Em 2018, o turismo na Argentina e no Peru cresceu 7,5 e 10%, respectivamente, enquanto nós continuamos estagnados com uma pífia alta de 0,5%, não superando os seis milhões de visitantes desde 2014, ficando distantes até mesmo da África do Sul com seus 10 milhões de turistas.
Ademais, desde 2011 o setor do turismo cresce acima da média da economia mundial, sendo o mercado com segundo maior desempenho do ano passado, perdendo apenas para o de manufaturas. Assim, sem sequer considerar as características que fazem do Brasil um dos países com maior potencial turístico do planeta, verificamos facilmente a importância de apostar neste setor como alavanca da retomada do nosso desenvolvimento. Para tal, a articulação entre entidades do trade turístico e autoridades políticas é fundamental para estabelecer um ambiente de negócios saudável.
Na esfera federal, iniciativas originadas a partir deste diálogo têm caminhado na direção necessária da modernização do Estado brasileiro, construindo um arcabouço institucional que proporcione segurança jurídica, atração de investimentos e desenvolvimento de atividades econômicas que gerem emprego e renda. A modernização da Lei Geral do Turismo, a abertura das companhias aéreas para o capital estrangeiro e a isenção de vistos aos EUA, Canadá, Japão e Austrália são exemplos recentes de um alinhamento entre Legislativo, Executivo e sociedade civil para acelerar a recuperação econômica do país.
Estes processos políticos, de resultados graduais por sua natureza, acontecem paralelamente à velocidade acelerada e à postura arrojada da iniciativa privada neste mercado. O caso da gigante Aviva, que busca unir hospedagem e entretenimento, ilustra tais características. Criada ano passado após o Grupo Rio Quente adquirir o Costa do Sauipe, deficitário em R$ 53 milhões nos três anos anteriores à venda, a magnitude do empreendimento é tamanha que seus investimentos até 2025 somarão R$ 1,4 bilhão.
Como se vê, os números são superlativos. Em meio ao marasmo econômico e às limitações estruturais do país, há o que celebrar; sobretudo no segmento de parques temáticos e aquáticos, pedra angular do turismo, onde nossos empreendedores tem sido referência. Segundo a Themed Entertainment Association, o Brasil tem dois dos dez parques aquáticos mais visitados do mundo, e seis dos dez da América Latina. Dados do Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas indicam que o faturamento deste segmento gira na casa dos R$ 3 bilhões anuais, por meio de seus 30 milhões de visitantes, gerando aproximadamente 100 mil empregos diretos e indiretos.
Para comprovar essa realidade, basta olhar para Brasília, onde temos o maior parque temático temporário do país, o Na Praia. Encerrando suas atrações no último domingo, nessa sua 5; edição criou 30 mil postos de trabalho, gerou R$ 5 milhões em impostos, e recebeu 300 mil pessoas. Não suficiente, em meio à polêmica internacional relativa à política ambiental do governo, o empreendimento compensa mais de 15 vezes suas emissões de carbono e é o maior evento Lixo Zero do planeta.
Todavia, iniciativas como o Na Praia sofrem com nossos típicos gargalos. Localizado atrás da Concha Acústica, concebida por Niemeyer justamente para eventos culturais, o empreendimento da R2 Produções foi parcialmente interditado por suposta poluição sonora. Apesar de revertida a decisão rapidamente, são transtornos inexplicáveis como este que dificultam o desenvolvimento do país e do Distrito Federal.
Na esfera distrital, ações como a da Fecomércio e do Sindeventos, que recentemente criaram um fórum permanente sobre os eventos da cidade, são essenciais para solucionar estes problemas e incidir nas questões em pauta, tais como as polêmicas em torno à Lei de Incentivo à Cultura e ao Fundo de Apoio à Cultura, de forma a viabilizar o desenvolvimento do mercado cultural do DF ; tão pungente, mas tão asfixiado.