Em nossas escolas se difunde a ideologia do gênero. A ;tendência de apagar as diferenças entre homem e mulher, consideradas como simples efeitos de um condicionamento histórico-cultural; (Homem e Mulher os Criou, Congregação para a Educação Católica, 2019, 1). Essa ideologia ;nega a diferença e a reciprocidade natural do homem e mulher. Prevê uma sociedade sem diferença de sexo, e esvazia a base antropológica da família; (Ibid., 2).
Ideologia que se contrapõe ;à visão antropológica cristã que vê na sexualidade uma componente fundamental da personalidade, um próprio modo de ser, de se manifestar, de comunicar com os outros, de sentir, de se exprimir e de viver o amor humano; (ibid., 4). Mas ;é do sexo efetivamente que a pessoa humana recebe aqueles caracteres que, no plano biológico, psicológico e espiritual, a fazem homem e mulher, condicionando, por isso, em grande escala, a sua consecução da maturidade e a sua inserção na sociedade; (Ibid., 4).
Essa diversidade, a complementaridade dos dois sexos, ;responde ao desígnio de Deus, segundo a vocação a que cada um é chamado; (Ibid. 4). Em nossas escolas, especialmente governamentais, governos de esquerda pretenderam em suas orientações ;demonstrar que identidade sexual deriva mais de uma construção social do que de um dado natural ou biológico; (Ibid., 8).
Em consequência, ;nas relações interpessoais, aquilo que conta seria somente o afeto entre os indivíduos, prescindindo da diferença sexual e da procriação, consideradas como irrelevantes para a construção da família; ( Ibid., 9 ). Daí que, procura-se justificar a separação entre gênero e sexo. Até mesmo, a priorizar-se o gênero em relação ao sexo.
Em consequência, propõe-se ;o reconhecimento público da liberdade de escolha do gênero e também da pluralidade de uniões em contraposição ao matrimônio entre homem e mulher, considerada herança da sociedade patriarcal; (Ibid. 14).
A ideologia do gênero desconhece os valores da feminilidade. Assim, ;a capacidade para o outro;. Na verdade, ;a sociedade é, em grande parte, devedora às mulheres, as quais estão empenhadas nos mais distintos setores da atividade educativa, para além da família: creches, escolas, universidade, instituições de assistência, paróquias, associações e movimentos; (João Paulo II, Carta às mulheres, 9/6/1996).
;A mulher tem a capacidade de compreender a realidade de modo único: sabendo resistir às adversidades, tornando a vida ainda possível mesmo em situações extremas e conservando um sentido tenaz do futuro; (Congregação para a Doutrina da Fé, Carta aos Bispos, 13). Também é ;imensa a disponibilidade das mulheres a se dedicarem às relações humanas, especialmente em prol dos mais débeis e indefesos;(João Paulo II, Carta às Mulheres, 18).
Ao contrário, para alguns hoje o gênero passa ar ser mais importante que o sexo. ;A análise filosófica mostra contudo que a diferença sexual masculina/feminina é parte constitutiva da identidade humana; (Congregação para a Doutrina da Fé, 26).
Na verdade, ;a visão antropológica cristã, fundada na narração das origens, como descritas no Livro do Gênesis, afirma que Deus criou o homem à sua imagem[...] homem e mulher os criou) (Ge. 1,27). Daí que é ;a família o lugar natural no qual a relação de reciprocidade e comunhão entre o homem e a mulher encontra plena atuação; (Congregação para a Doutrina da Fé, 36).
;A família, enquanto sociedade natural na qual a reciprocidade e complementaridade entre homem e mulher se realizam plenamente, precede a mesma ordem sociopolítica do Estado, cuja livre atividade legislativa deve ter isso em conta e dar-lhe o justo reconhecimento; (Congregação para a Doutrina da Fé, 36).
Daí que, ;o primeiro direito da família é ser reconhecida como o espaço pedagógico primário para a formação da criança... Por isso, ; o gravíssimo dever dos pais em assumirem a responsabilidade da educação completa dos filhos de modo pessoal e social ;(Congregação para a Doutrina da Fé, 37 ).
;Outro direito é aquele que a criança tem de crescer na família, com um pai e com uma mãe, capazes de criar um ambiente propício para o seu desenvolvimento e amadurecimento, continuando a amadurecer na relação, no confronto com aquilo que representa a masculinidade e a feminilidade de um pai e de uma mãe, e assim preparando a maturidade afetiva; (papa Francisco, Discurso a uma Delegação do Departamento Internacional Católico para a Infância; ; 11 de abril de 2014 ).
;A ação educativa da família une-se à da escola, a qual interage de modo subsidiário; (Congregação para a Doutrina da Fé, 39 ).;O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas que os mestres. E se escutam os mestres é porque são também testemunhas;( Paulo VI, Exortação Apostólica, Evangelii Nuntiandi, 8/12/75 , n. 41 ). Assim também as crianças.Tenhamos em mente esses ensinamentos nessa hora de profunda crise moral da família.
*Cardeal da Igreja Católica