Jornal Correio Braziliense

Opinião

Artigo: A um ano dos Jogos Paralímpicos

O crescimento do Brasil como potência paralímpica é gigantesco, pois saltou de um magro 37º lugar em Barcelona em 1992 para o 8º lugar na Rio 2016


Está programada para 25 de agosto de 2020 a abertura dos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Estaremos representados por incansáveis heróis do esporte, que alcançaram um recorde de medalhas nos Jogos Rio 2016, quando nossas 72 medalhas nos alçaram ao honroso 8; lugar no quadro geral de medalhas. Mas o Brasil pode e deve lutar por mais. O crescimento do Brasil como potência paralímpica é gigantesco, pois saltou de um magro 37; lugar em Barcelona em 1992 para o 8; lugar na Rio ; 2016. Desde Pequim ; 2008, estamos entre as 10 nações que mais subiram ao pódio. No entanto, insisto, sabemos que podemos mais. Apesar das 14 medalhas de ouro, 29 medalhas de prata e 29 medalhas de bronze da Rio ; 2016, número histórico dos nossos atletas paralímpicos, o Brasil ficou abaixo da meta traçada pelo próprio Comitê Paralímpico Brasileiro, que vislumbrava um lugar entre as cinco primeiras posições no quadro geral de medalhas.

Daniel Dias, André Brasil, Clodoaldo Silva (nadadores), Ádria Rocha dos Santos (atletismo), Luiz Cláudio Pereira (lançamento de dardos) são heróis nacionais dos esportes paralímpicos, os maiores medalhistas de nossa história. A eles se somam centenas de outros atletas em atividade que com garra, força, superação e muita luta têm enchido nosso país de orgulho nas últimas edições dos jogos.

Por outro lado, a luta individual de nossos atletas não pode ser o único combustível para tornar o Brasil uma potência mundial dos esportes paralímpicos. Para alcançar os objetivos e metas do nosso Comitê Paralímpico é preciso aumentar ainda mais os investimentos nos esportes para os brasileiros que têm algum tipo de deficiência. Desde 2001, existe uma arrecadação estatal via loterias federais e, a partir de 2005, começaram os primeiros investimentos e incentivos de patrocinadores privados. Mas é possível e necessário ir muito mais além.

Para isso precisamos dar maior reconhecimento público e social em torno dos esportes paralímpicos. Temos que pensar meios para aumentar o investimento estatal e ainda em novas formas de angariar investimentos e patrocínios privados para que possamos crescer e multiplicar nossa experiência paralímpica. Só com planejamento focado em metas ousadas e mais investimentos é que poderemos construir centros de treinamentos de excelência por todo o país, que deem suporte e incentivem a prática dos esportes entre as pessoas com deficiências. Muitos países têm esses centros de treinamento e, por isso, são potências mundiais nos esportes. Isso tem uma importância transcendental para o país. Começando pelo orgulho nacional, mas não só.

Para além disso, como médico especialista em cirurgias de alta complexidade, lido rotineiramente há décadas com pessoas com deficiências entre meus pacientes. Posso atestar que há uma importância pública, social e de saúde para o país no incentivo ao esporte paralímpico. Os ganhos para a saúde e a vida dessas pessoas que o esporte pode trazer são incalculáveis. O esporte é saúde para todo e qualquer ser humano. Eu mesmo pratico esportes desde sempre.

E tudo isso só ocorrerá se a experiência dos Jogos Paralímpicos for melhor assimilada por toda a sociedade. O intercâmbio das práticas, pesquisas e tecnologias, além do conhecimento amplo das histórias, dos heroísmos e do grande desempenho de nossos atletas paralímpicos precisam ser reconhecidos, reverenciados e apropriados pela vida de toda pessoa com deficiência.

É com esse intuito, com essa convicção que no próximo dia 22, Dia Nacional do Atleta Paralímpico, faremos na Câmara dos Deputados, por minha iniciativa, uma homenagem aos nossos atletas guerreiros. Com essa homenagem, espero angariar apoio, força, investimento e começar a implantar nova visão que ajude o Brasil a se consolidar como potência mundial nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020.