Jornal Correio Braziliense

Opinião

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

Agradecendo a quem de direito

No panteão em memória e agradecimento eterno pela idealização, concepção e construção da nova capital, ocupam lugar de honra a tríade Juscelino Kubitschek, Lucio Costa e Oscar Niemeyer. Sem o potencial e a ousadia de cada um desses brasileiros ilustres, erigir Brasília como uma das mais modernas cidades do planeta ficaria apenas no mundo dos sonhos inconcebíveis.

Diante disso, as homenagens e a preservação da memória dos nossos ilustres compatriotas, mais do que justas e necessárias, constituem um marco que delimita importante virada de página da história de nosso país e que, de certa forma, inaugura a entrada do Brasil no mundo moderno. Assim, é possível hoje, depois de mais de meio século dessa epopeia, considerar que, a partir da inauguração da nova capital, a história brasileira pode ser dividida em antes e depois de Brasília.

Mais do que a redescoberta do Centro-Oeste, a fundação da nova capital colocou a administração federal no centro nervoso do país, equidistante de todas as questões nacionais. Muito além de centralizar geograficamente a administração do país, Brasília propiciou, ao longo do tempo, nosso crescimento econômico e social de forma mais equilibrado, induzindo um desenvolvimento igualitário nessa imensa porção de terras que nos coube como herança no continente sul-americano.

A responsabilidade pela manutenção de tão vastas e valiosas terras cobiçadas, por vários estrangeiros, teve na construção de Brasília, o mesmo sentido que no passado tiveram as fortalezas erguidas nos confins do Brasil para proteger as terras contra as investidas dos forasteiros, vindos de todas as partes do mundo.

Brasília foi, assim, a fortaleza, que nos tempos modernos, assegurou a posse definitiva desse nosso latifúndio. As batalhas para a consolidação dessa ousadia em pleno coração do país tiveram que ser vencidas uma a uma. As contrariedades e a forte campanha interna para a manutenção da capital federal no Rio de Janeiro tiveram que obedecer a uma estratégia de minuciosas negociações, semelhantes aos pactos de armistícios.

Vencida essa difícil etapa que só poderia ser alcançada pelo espírito conciliador e pacífico de JK, outra batalha se iniciava pela captação de recursos necessários para tão audacioso projeto. Na retaguarda dessa empreitada ciclópica, o ex-presidente pôde contar com o suporte imaginativo de Lucio Costa que, ao vencer o certame de projetos para a nova capital, com um croqui simples e, ao mesmo tempo, profundamente humanista e poético, conquistaria e empolgaria muitos brasileiros a seguir em frente nesse sonho. A outra peça importante desse tabuleiro viria com a agregação do jovem e idealista arquiteto Oscar Niemeyer. Com um trio dessa magnitude seria possível com os recursos tecnológicos que hoje a humanidade dispõe construir uma metrópole na lua ou em outros planetas próximos.

É preciso reconhecer que reunir três gênios dessa natureza, animados com uma empreitada dessa magnitude é um feito que parece ocorrer apenas uma vez em cada mil anos. Foi essa a nossa sorte e é esse tipo de ânimo que devemos agradecer todos os dias, a cada florada dos ipês, ao canto dos sabiás e até das cigarras e a cada nascer e morrer do sol. À essa divina trindade coube colocar um coração no gigante que, por séculos, dormia em berço esplêndido.


A frase que foi pronunciada

;Arquitetura é antes de mais nada construção, mas construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção.;

Lucio Costa, arquiteto e urbanista (nascido na França)


Papo reto
; O general Heleno sabe como cativar os ouvintes. Sobre o filho do presidente Bolsonaro que aspira ao cargo de embaixador, ele disse o seguinte: ;Se for vasculhar a história de alguns embaixadores, têm muitos que não venderam pizza, mas venderam a alma, venderam a mãe;. O ministro citou três nomes de pessoas estranhas ao quadro diplomático cotados como embaixadores: Delfim Netto e Itamar Franco, além do militar Aurélio de Lyra Tavares.

Autocuidado
; É cada dia mais comum ver pessoas com pulseiras que indicam o batimento cardíaco e o número de passos. Algumas vêm com bluetooth para que se possa ouvir rádio ou até mesmo atender ao telefone. Paralelamente, a saúde pública começa a adotar jogos e aplicativos para que os pacientes acompanhem o próprio progresso e possam interagir com os médicos, que têm na ferramenta uma forma de incentivar o autocuidado da clientela.

Novidade
; Começam a ser trocados os contêineres de ferro de algumas quadras. Como o trabalho mais pesado é feito durante a madrugada, a ideia foi bem acolhida pela população que usufrui de maior silencio no momento da coleta do lixo. Foto no Blog do Ari Cunha.


História de Brasília
O sr. Paulo Sarazate, nem se fala. É um estranho, e só briga pelas verbas de Itapipoca, para tomar os eleitores do dr. Perilo. Sua política internacional é no Ceará. (Publicado em 29/11/1961)