Informação e desinformação
É fato que o processo de globalização, iniciado há pouco mais de duas décadas, ao favorecer a disseminação de conhecimentos e informações, contribuiu também para que essa massa resultante da sapiência humana se convertesse em um bem de enorme valor. Tanto foi assim que esse processo foi capaz de erigir novas formas de sociedades, baseadas na tecnologia e na inovação constante.
Tão profundas têm sido as mudanças que até o referencial de capital e riqueza se deslocou do comércio, da indústria e do setor financeiro para as áreas dominadas pela alta tecnologia. Dessa forma, tem-se, hoje, como países ricos aqueles que dominam a tecnologia e detêm a posse de uma massa de informação considerável. Ocorre que quanto mais esse processo de informação se intensifica, mas se valorizam, sendo um capital buscado com grande empenho por governos e grandes corporações.
Do ponto de vista de um governo, principalmente aqueles de viés centralista e pouco democráticos, quanto mais informação, mais poder. Ou de outra forma, quanto mais controle e sonegação de informação, mais capacidade de dominar as massas. Não é por outra razão que alguns capítulos dos recentes escândalos de corrupção, revelados pelas investigações da Polícia Federal e pelo Ministério Público, mostraram como grandes empresários ou campeões nacionais ganhavam fortunas do dia para noite, por meio de acesso privilegiado que lhes era facultado pelos governos petistas, com as chamadas Inside information, quer de órgãos como o Comitê de Política Monetária (Copom), quer de outras instituições financeiras do Estado.
Curiosamente, em plena era da informação, ocorre um fenômeno que parece vir na contramão desse revolução e que faz com que parte significativa da sociedade entre num numa espécie de alienação profunda, provocada pelos personagens que controlam o Estado. Com isso, o que é informação importante passa a ser substituído por eventos e notícias do mundo do espetáculo ou dos esportes, seguindo a mesma lógica do pão e circo da antiguidade romana.
Outro estratagema consiste na utilização de desinformação ou contrainformação, fazendo o cidadão crer que a resolução de um grande problema que afeta a todos decorre de um inimigo externo de olho em alguma riqueza nacional. Por meio desse mecanismo, os interessados fazem a população acreditar que, para reverter uma determinada situação de penúria, é necessário apertar o cinto, aumentar impostos ou vender parte dos bens do Estado.
O processo massivo de propaganda que é incutido na sociedade faz com que ela acredite que mesmo as medidas mais duras, aquelas que retiram direitos socialmente consolidados e justos, devem ser interrompidas, com vistas a um futuro de bonança que na realidade jamais virá. Nessa guerra de desinformação, quem sempre perde é o cidadão, mesmo aqueles com relativo conjunto de notícias e que acabará sucumbido pelo poder de pressão das maiorias.
Em situações assim, em que o indivíduo, vivendo a era da informação, passa de agente ativo para passivo, o mecanismo que melhor atende aos que querem impor sua vontade sobre todos é a substituição da capacidade de crítica racional pelo apelo às emoções e ao uso e abuso de táticas sentimentalistas do tipo pátria grande ou outras abstrações.
Nesse processo de controle seletivo da informação, a educação torna-se o principal alvo com o tolhimento de tudo que seja conhecimento cristalino, pesquisa, ciência, desvalorizando e esvaziando todo e qualquer produto da inteligência e da inovação.
Com essa forte pressão de manipulação das informações dirigidas às massas, os fantasmas dos obscuros meandros conseguem, além da desinformação generalizada, fazer com que a sociedade acredite ser ela a responsável direta por seus reveses, apesar de tudo o que foi feito para contornar esse problema que ela mesma gera continuamente. Assim é que ao propagar desinformações, ao mesmo tempo em que se acumulam até dados pessoais de cada cidadão, outros poderes crescem continuamente até o dia em que esse mecanismo implodir de dentro para fora.
A frase que foi pronunciada
A frase que foi pronunciada
;Toda propaganda de guerra, toda a gritaria, as mentiras e o ódio, vem invariavelmente das pessoas que não estão lutando. O essencial da guerra é a destruição, não necessariamente de vidas humanas, mas de produtos do trabalho humano. A guerra é um meio de despedaçar, ou de libertar na estratosfera, ou de afundar nas profundezas do mar materiais que de outra forma teriam de ser usados para tornar as massas demasiado confortáveis e, portanto, com o passar do tempo, inteligentes.
George Orwell,
escritor, jornalista e ensaísta político inglês.
História de Brasília
Aliás, nessa história, o sr. Aurélio Viana, que é um homem de boa-fé, está sendo levado na conversa, porque nada justifica sua atitude contra Brasília: reside aqui, sua família também, e não há razão para torpedear verbas de escolas e hospitais, quando ele sabe o que ocorre nas cidades-satélites por falta de unidades de saúde. (Publicado em 29/11/1961)
escritor, jornalista e ensaísta político inglês.
História de Brasília
Aliás, nessa história, o sr. Aurélio Viana, que é um homem de boa-fé, está sendo levado na conversa, porque nada justifica sua atitude contra Brasília: reside aqui, sua família também, e não há razão para torpedear verbas de escolas e hospitais, quando ele sabe o que ocorre nas cidades-satélites por falta de unidades de saúde. (Publicado em 29/11/1961)