Jornal Correio Braziliense

Opinião

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

Brasília, de quem?

Desde 1960, os leitores que acompanham o dia a dia desta coluna, sabem que, a partir do primeiro momento de sua publicação, a defesa dos interesses da capital do país tem sido norteadora e prioridade absoluta deste espaço. Mesmo após o falecimento de seu fundador, o jornalista Ari Cunha, essa tem sido a bandeira defendida e seguida pela coluna Visto, Lido e Ouvido. Obviamente, ao se colocar de forma incisiva e intransigente na defesa do Distrito Federal, da sua população e dos ideais que guiaram seus idealizadores, não foram poucas as vezes que contrariamos pessoas e grupos poderosos, cujos interesses não coincidiam com os mesmos professados pelos brasilienses, pelos pioneiros, pelos candangos e por outros grupos que para aqui vieram em busca de uma nova cidade que pudesse abrigar o novo homem, conforme proposto e sonhado por aqueles que projetaram e construíram a capital do país.
Para essas paragens selvagens, vieram os brasileiros movidos por coragem e desapego, em busca apenas de uma oportunidade para viver com dignidade com a sua família. Não foi por outro motivo que, quando se anunciou a tal da maioridade política para a capital nos mesmos moldes em que eram realizados em outras unidades da Federação, esta coluna expressou o temor de que a inovação na administração do Distrito Federal não resultaria em ganhos para a seus habitantes, mas, e sobretudo, em lucros e favorecimento para os políticos e todos os grupos a eles ligados, como era prática corrente em outros estados brasileiros.
O temor era que os ideais políticos e partidários viessem a se sobrepor aos reais interesses da capital e de sua gente. Hoje, passadas quase três décadas dessa experiência, infelizmente temos que considerar que as premonições eram não só acertadas, como ultrapassaram os mais pessimistas vaticínios. Em boa hora e como uma graça dos céus, quis o destino que Brasília fosse incluída no rol das cidades monumentos tombados pela Unesco, o que, de certa forma, deu uma visibilidade internacional à capital, dificultando, em certo ponto, que viesse a ser completamente desfigurada.
O inchaço da cidade e a superlotação dos serviços públicos, a criação de bairros inteiros sem infraestrutura e sem planejamento, o esgotamento dos recursos hídricos, a invasão de terras públicas, a corrupção desenfreada, a construção de verdadeiros elefantes brancos sem utilidade para a população, a precariedade nos transportes e na segurança pública estão entre algumas heranças deixadas pela experiência da representação política imposta à capital.
Embora se saiba que essa situação jamais será revertida, esta coluna vai continuar insistindo para que os ideais que orientaram a construção de Brasília permaneçam vivos.

A frase que foi pronunciada

"Deixemos entregues ao esquecimento e ao juízo da história os que não compreenderam e não amaram esta obra"

Juscelino Kubitschek

Alemanha
Depois da tragédia de Brumadinho, a empresa alemã T;V S;D parou de emitir certificações de segurança em barragens. Será que os alemães sabem que o acidente poderia ser evitado pelos germânicos? É só uma sugestão para o programa da TV alemã ;Extra 3;.

Noruega
Em Barcarena, no Pará, fábricas norueguesas contaminavam a água causando diarreia e vômito na comunidade e o envenenamento dos peixes. Como tudo o que incomoda termina em morte no Pará, foi o que aconteceu. Paulo Nascimento que organizava protestos sobre o assunto morreu assassinado. E quem poderia falar alguma coisa disse apenas que isso era um caso para a Polícia. É só para mostrar a autoridades da União Europeia que, antes de banir importações do Brasil, como sugerem os países nórdicos, saibam sobre os estragos que fazem por aqui.

Amigos
Alemanha e Noruega são países amigos do Brasil. Se algumas empresas mancham nossa natureza, muitas outras iniciativas alemãs e norueguesas, sem interesses comerciais, participam dando a mão para minimizar os problemas sociais do país com projetos que realmente mudam vidas. Para melhor, é claro.

História de Brasília

Esta nota vem a propósito de um desastre verificado segunda-feira na estrada de Anápolis. O ônibus da Araguarina, de número 605, vinha atrás de uma lambreta, que transportava dois senhores. Um pneu estourou e ambos se projetaram ao solo, ficando gravemente feridos. (Publicado em 29/11/1961)