Relações contaminadas
Um dos passivos, e talvez um dos mais nefastos, gerados pelos13 anos de governo petista, com suas pretensões extemporâneas de reerguer o Muro de Berlim, pulverizado com o fim da União Soviética, incidiu, sobremaneira, sobre as relações exteriores do Brasil com o restante do mundo.
A nova reorientação nessas relações imposta de cima para baixo, desprezando mais de um século de experiências acumuladas nesse complexo ofício, fazendo o país voltar as costas para seus antigos parceiros, mais do que desconstruir, da noite para o dia, esse intrincado relógio, levou-nos a uma posição de unilateralidade, de onde passamos a enxergar apenas parceiros ligados e simpáticos ao governo de turno. Com isso, foi estabelecida uma nova metodologia nas relações com o exterior, em que o que importava não eram os benefícios reais para o Brasil, mas uma construção abstrata que fazia do país uma espécie de farol a guiar o imenso transatlântico à deriva que se tornou o mundo bipolarizado depois de 1989.
Obviamente, numa posição como essa, os ônus para o Brasil, em suas relações com o restante do mundo, seriam, como a prática assim se confirmou, muito maiores. O que amainou e tornaria esses estragos um pouco menores, num primeiro momento, foram fatores alheios a essa reorientação de viés ideológico e mais fincados no mundo real e representados, principalmente, pelo boom nos preços das commodities. Não fosse por esse momento insólito, propiciado pelas exportações de produtos in natura, e que trariam um certo alívio às finanças públicas, dificilmente o Brasil suportaria a continuidade dessa orientação requentada de terceiro mundismo. Como parte didática desse novo Ministério das Relações Exteriores que nascia, artificialmente, de fora para dentro, foi providenciada uma espécie de cartilha ou catecismo a ser seguida pelos profissionais desse métier.
Até mesmo o titular da pasta, num gesto inusitado e sintomático, filiou-se ao partido do governo, transformando-se num executor, dentro do ministério, das diretrizes do partido, alheio, portando, aos interesses do Estado. O preço pago pelo país por causa dessa nova reorientação poderia até ser medido em termos quantitativos, como no atraso do programa espacial, no que diz respeito ao mercado de satélites de telecomunicações, entre outros passivos.
É de se salientar também que para os planos puramente materiais de nosso país, o novíssimo modelo adotado pelas relações exteriores resultou numa transferência de bilhões de reais, por meio de um BNDES ardilosamente remodelado para atuar no exterior, aos países que comungavam o mesmo credo e que, como é sabido, não honraram até hoje esses empréstimos. Os prejuízos mais significativos e talvez mais duradouros viriam com a perda de credibilidade perante o mundo, construída, a duras penas, ao longo de mais de um século de diplomacia. Deu no que deu.
A frase que não foi pronunciada
;Antes mesmo das reformas política, tributária e previdenciária, o Brasil precisa é de uma reforma psicanalítica.;
Nelson Motta, jornalista brasileiro
Belo dia
- Uma beleza passar o dia no Jardim Botânico. Belas trilhas para seguir pedalando. O porteiro e outros funcionários muito educados, brinquedos diversificados para a meninada, latas de lixo para manter o ambiente saudável. Apenas os banheiros estão em estado deplorável. Velhos e sem manutenção. Com pouca verba, é possível uma restauração. Nenhuma depredação no local.
Institucional
- Um batalhão de servidores públicos do Judiciário, do Legislativo e do Executivo, tanto federal quanto distrital, aposentado. São pessoas experientes que muito têm a contribuir com o país e com a capital. É hora de termos um conselho de notáveis para ser ouvido pela sociedade.
Regras
- Governador Ibaneis Rocha disse que a população não admite o pagamento de um salário de R$ 17 mil para o jardineiro da Novacap. Quem não deveria admitir é o GDF. A Controladoria-Geral do Distrito Federal (CGDF) faz pente-fino nas folhas salariais das empresas públicas, e cargos de diretores também extrapolam a linha do bom senso quanto ao pagamento. O que vai ser feito não foi anunciado.
Exposição
- Hoje e amanhã, Felipe Morozini (A cidade inspira ; Palavras) e Jean Matos (Pulso) apresentam Itinerante em Casa. Na Praça Central do CasaPark. No Blog do Ari Cunha mais detalhes.
História de Brasília
Lamentamos o ocorrido, e louvamos a atitude da Sousenge, prometendo pagamento de 100%. Gente honesta, que se meteu num bom negócio, que de uma hora para outra se transformou, por causa do governo inimigo de Brasília, em grandes dificuldades. (Publicado em 25/11/1961)