Previdência
O governo criou uma falsa expectativa na maioria dos brasileiros. Vendeu a ideia de que a aprovação da reforma da Previdência era essencial para tirar o país da crise econômica. O empenho do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, foi a força motriz para conduzir os deputados a aprovarem as mudanças. O Palácio do Planalto quase nada contribuiu para que a proposta, com as alterações dos parlamentares, passasse pelo primeiro turno. A emenda constitucional é muito ruim para os trabalhadores da iniciativa privada. Aprofunda as desigualdades entre pessoas: aos servidores públicos, militares e policiais o bolo com todas as cerejas; aos trabalhadores da iniciativa privada, as migalhas que sobrarem. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a reforma da Previdência era imprescindível para recuperar a confiança de investidores nacionais e estrangeiros. Assim, voltariam os investimentos e, por fim, a abertura de vagas de trabalho. Nada aconteceu. O desemprego continua nos mesmos patamares: são mais de 12 milhões desempregados. O crescimento do país, estimado em 2,5%, mingou para 0,8%, de acordo com a própria equipe econômica. As indústrias estão fechando as portas e várias anunciam que, se não recuperarem o lucro, vão bater em retirada para outras praças. Como se pode ver, a situação só faz piorar e não será com R$ 500 do FGTS que o terrível quadro será repintado com cores alegres.
Fernando Moreira, Águas Claras
E o conteúdo?
A euforia do ministro Sérgio Moro com a prisão dos hackers não apaga, não deleta e muito menos não esclarece para a opinião pública a gravidade do teor dos vazamentos de conversas dele com procuradores da Lava-Jato. Moro permanece na berlinda. Longe de ver a alma lavada.
Vicente Limongi Netto, Lago Norte
Nódoa
A Lava-Jato foi, sem dúvida, uma das melhores ações, resultado da combinação entre Justiça, Ministério Público e Polícia Federal, ocorrida desde que o Brasil se tornou república. As sucessivas operações foram um divisor de águas ; um basta à impunidade que está na origem de grandes fortunas deste país. O então juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallangnol chegaram ao ápice da popularidade. Não se pode dizer que prestaram desserviço ao país, após as revelações do site The Intecept Brasil. Seria injusto. Mas os fins não justificam os meios, como revelam as gravações trazidas à baila pelo site norte-americano. Ficou evidente, exceto para os bolsonaristas que não estão viseiras que muitas investigações foram direcionadas aos integrantes do PT, inclusive ao ex-presidente Lula. Uma elevada dose de ódio aos petistas turbinou as apurações. Ninguém é contra a luta contra a corrupção. Mas é preciso agir de forma oposta à do inimigo. Recorrer a meios escusos, à parcialidade e ao passionalismo não é fazer justiça. A sociedade brasileira apoia o combate aos desvios do dinheiro público, ciente dos prejuízos que eles causam em todos os setores essenciais: saúde, educação segurança, saneamento, transporte, habitação, infraestrutura etc. Moro e Dallangnol estavam ávidos para ter os nomes inscritos na história como os paladinos. Hoje, a credibilidade e a imagem de ambos estão arranhadas. Isso não vai retirá-los da trajetória que construíram, mas durante a caminhada terão a companhia dessa nódoa indelével.
Walquíria Ramos, Park Way
Meio rural
Belíssima a série ;Rodas para Crescer;. As reportagens mostram o quanto a área rural do Distrito Federal é desprovida de serviços básicos, necessários a um mínimo de bem-estar. No Brasil, há uma visão muito deturpada do homem do campo. Essa população merece uma atenção toda especial. É ela quem garante o alimento nosso de cada dia. Mas não lhe dão o valor devido, quando o cuidado com as lavouras é fundamental para que possamos viver. Do restaurante mais sofisticado à cantina mais pobre, a matéria-prima vem do trabalho dos agricultores. São homens, mulheres e jovens que labutam sob sol e chuva para alimentar todas as pessoas: desde o presidente até o mais miserável dos brasileiros. Mas essa parcela da população não conta com unidades de saúde, escolas, com todos os níveis de ensino, transporte, segurança e vários outros serviços públicos, muito menos lazer. É por isso que grande parte da juventude rural migra para as cidades. Se o Estado não devotar a esses brasileiros políticas públicas, o campo corre o risco de esvaziar. E o que será das cidades, se os agricultores familiares cruzarem os braços?
Ana Lúcia Martins, Asa Sul