Decepções políticas
Algumas decisões emanadas sucessivamente, na semana passada, pelos Três Poderes da República, e bastante repercutidas na imprensa e nas mídias sociais, deixaram a nação num misto de sobressalto e decepção, reforçando o sentimento geral de que ainda temos muito que evoluir até alcançarmos o pleno Estado democrático de direito, conforme garantia da Constituição em vigor.
A primeira e talvez a mais grave para a continuidade do processo de investigação de operações, como a Lava-Jato e congêneres, que são tão necessárias ao país, foi tomada de forma monocrática, durante o recesso do Judiciário, pelo presidente do Supremo tribunal Federal, Dias Toffoli. Com a decisão do magistrado, os órgãos de fiscalização, como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), da Receita Federal (RF), e do Banco Central (Bacen) ficam impedidos de repassarem informações sobre movimentações atípicas aos órgãos de investigação, como a Polícia Federal e ao Ministério Público, sem a devida autorização da Justiça.
Assim, ficaram inviabilizadas todas e quaisquer investigações que tenham sido instauradas a partir das informações bancárias e fiscais que não tenham, previamente, autorização judicial. A decisão do ministro Dias Toffoli apanhou os procuradores de surpresa que, em nota, reagiram: ;As forças-tarefas, ao longo dos últimos cinco anos, receberam inúmeras informações sobre crimes da Receita, do Coaf e do Bacen, inclusive, a partir da iniciativa dos órgãos quando se depararam com indícios de atividade criminosa;.
Dessa forma, um número impreciso de investigações, talvez milhares, foram emperradas, impactando, praticamente, a maioria das apurações de corrupção e de lavagem de dinheiro. A decisão vai, ainda, contra acordos internacionais, como os estabelecidos entre a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Brasil.
A segunda decisão, dessa vez, baixada pelo Poder Executivo, e ao que parece, visa atender ao desejo pessoal do presidente Jair Bolsonaro, contra praticamente todos os argumentos de bom senso e aos princípios republicanos, refere-se à nomeação do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do mandatário, para ocupar o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Trata-se de uma das funções de alto nível e que, costumeiramente, sempre foi ocupado por ministros de primeira classe do Itamaraty, com reconhecida qualificação no intricado ofício da diplomacia. Do ponto de vista dos interesses nacionais, a medida certamente trará impactos negativos para o país, devido à nítida inexperiência e à insignificante formação profissional e curricular do candidato para tamanha função.
Para todos que acompanham o desenrolar da vida nacional, é justamente na forte influência negativa, do ponto de vista institucional, dos dois filhos do presidente da República, Eduardo e Flávio Bolsonaro, que reside hoje o tendão de Aquiles do atual governo. O presidente não tem medido esforços no sentido de cumprir essa vontade, fazendo acenos para o Senado com o propósito de ver aprovado o nome do filho, numa atitude idêntica aos tempos da monarquia e da fidalguia.
A última decisão que tomou a sociedade de um misto de surpresa e desapontamento foi adotada pelo partido brizolista PDT. A deputada Tábata Amaral (SP) foi punida por ter votado em favor da reforma da Previdência e contra a orientação dos caciques do partido, principalmente Ciro Gomes. Assim, ficou mais uma vez demonstrado para a população que legendas, de forma geral, não têm em seu horizonte as carências do país, mas, sim, os desejos da legenda e os interesses pessoais. Fica evidente a necessidade de uma reforma política que ponha fim o encabrestamento de seus quadros políticos, sobretudo os mais promissores e mais sintonizados com o momento nacional.
A frase que foi pronunciada
;Os ataques e o linchamento da mídia que minha família está passando me levam a tomar o recuo necessário, que todos poderão entender. A mobilização para que eu possa me defender faz com que eu não esteja em condições de assumir serenamente e de forma eficaz a missão que me foi confiada pelo presidente da República e pelo primeiro-ministro.;
François de Rugy, ministro francês da Transição Ecológica
Acontece
; Senador Romário contou em uma comissão do Senado que tem amigos que quiseram experimentar o cigarro eletrônico para parar de fumar. Resultado: ficaram viciados nos dois.
Segredo
; Sempre carismático, o senador Paulo Paim passou o segredo dos quilos a menos ao economista Rogério Marinho. Trata-se de uma batida de frutas. Frutas pretas, maçã e aveia, revelou.
Revolução
; Vem novidade por aí. A CVS Health no Brasil, que era dona das farmácias Onofre, acaba de apresentar nos Estados Unidos a possibilidade de os pacientes de diálise não precisarem sair de casa. A companhia é parceira de Segway Dean Kamen, o criador de aparelhos que monitoram tratamentos de forma remota.
História de Brasília
Começou a operação ;tapa-valetas;. Volta a equipe do DVO aos seus bons dias. Belo trabalho, dr. Ataualpa. O asfalto de Brasília deve ser mesmo um tapete, para dar exemplo ao resto do Brasil. (Publicado em 25/11/1961)