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Dinheiro na praça: bom aceno para a economia

Uma das faces mais dramáticas da longa crise econômica que castiga o país é a multidão de desempregados que não encontram respostas para suas urgências. Filas dobram esquinas e atravessam noites a qualquer anúncio de posto de trabalho independentemente de salário ou de especificação profissional. Jornais e tevês exibem imagens de homens e mulheres que querem encontrar uma vaga que lhes possibilite a sobrevivência e a sobrevivência da família. Os 13 milhões de pessoas que buscam colocação se somam aos outros tantos subempregados e desalentados.

Vem, pois, em boa hora o anúncio de liberar dinheiro para estimular o consumo, animar os negócios e acenar com perspectiva de dias melhores. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS/Pasep chegariam às mãos do trabalhador. Inicialmente, as cifras seriam respectivamente de R$ 42 bilhões e R$ 21 bilhões. Com a grita dos empresários da construção civil, o governo adiou a edição da medida provisória para a próxima quarta-feira ; tempo necessário para promover ajustes na iniciativa.

O montante proveniente do FGTS deve recuar para R$ 30 bilhões. Modalidade em estudo prevê saque anual de percentagem do saldo do trabalhador, que representaria uma espécie de 14; salário. A adesão não é obrigatória. Depende do detentor da conta. A liberação do estímulo, antes reservada para após a aprovação da reforma da Previdência, deve ocorrer paralelamente à tramitação da PEC nas duas casas do Congresso. É alvissareiro que assim seja. A deterioração da economia, a queda da renda e o empobrecimento acelerado dos brasileiros precisam ser estancados. Medidas, mesmo de curto prazo, constituem sopro de alento bem-vindo enquanto se processam reformas estruturais.

Impõe-se retomar a recuperação da economia. A previsão do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) anda para trás mês a mês. Chegou a pífio 0,8% em 2019. A crise argentina, nosso maior importador de carros, e a tragédia de Brumadinho contribuíram para o retrocesso. Junho não trouxe boas-novas. Segundo a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), a indústria demitiu 13 mil trabalhadores. Perderam-se, assim, empregos de qualidade ; formais, com carteira assinada. A capacidade ociosa do setor se expande. O comércio também nada em águas turvas. Apresentou crescimento de apenas 1,3%.

Assim, o alento advindo do FGTS e do PIS/Pasep promete estimular o comércio e, em consequência, a indústria. A aprovação da reforma da Previdência, o incremento das privatizações, o avanço na reforma tributária, a redução dos juros têm ingredientes para aumentar a confiança no país e, com isso, atrair investimentos, criar empregos e tirar a economia do marasmo em que se encontra.