Jornal Correio Braziliense

Opinião

Cooperativismo e economia solidária: desenvolvimento com sustentabilidade

Antes de qualquer coisa, é preciso entender que nem todo tipo de economia é solidária. Existem diferentes formas de gerir uma economia. Ciência que consiste na análise de produção, distribuição e consumo de bens de serviço, um determinado modelo econômico pode gerar, por exemplo, desenvolvimento, mas sem sustentabilidade. Impacta negativamente o meio ambiente, fazendo uso predatório dos recursos naturais, com exploração da mão de obra. É um modelo que gera e acentua ainda mais as desigualdades e as mazelas sociais.

Mas outro modelo de desenvolvimento é possível. Um desenvolvimento com sustentabilidade. Sabe como? Por meio do cooperativismo e da economia solidária. Isso porque eles são capazes de promover trabalho digno e decente, com inclusão e justiça social, geração de renda e respeito ao meio ambiente. Além disso, fomentam o desenvolvimento local com autogestão, emancipação e autonomia, que são as premissas do cooperativismo e da economia solidária.

O cooperativismo e a economia solidária surgem como alternativas ao desemprego e geração de renda, em especial às populações mais empobrecidas. Atuam diretamente na promoção do acesso aos direitos iguais aos recursos econômicos, com base em estratégias de desenvolvimento. No mundo, 3 milhões de cooperativas contribuem significamente com o crescimento econômico de diversos países, com geração de empregos estáveis e de qualidade, de acordo com a Aliança Cooperativa Internacional (ACI).

São mais de 280 milhões de pessoas em todo o planeta trabalhando em cooperativas, o que representa 10% da população empregada. Além disso, as 300 maiores cooperativas do mundo geram US$ 2,1 bilhões de dólares ao mesmo tempo em que proporcionam os serviços e a infraestrutura de que a sociedade necessita para prosperar. No Brasil, há mais de 6,8 mil cooperativas distribuídas em 13 ramos de atividades, ultrapassando 14,2 milhões de associados e gerando 398 mil empregos formais, segundo dados da Agenda Institucional do Cooperativismo 2019.

Mas os números podem ser ainda maiores. Isso porque o cooperativismo é uma das formas associativas de organização do trabalho, que também podem ser encontradas em associações produtivas e empresas de autogestão. Instrumentos de transformação social por meio da organização popular, o cooperativismo e a economia solidária geram alternativas reais de geração de trabalho e renda e, mais que isso, proporcionam vida digna a centenas de milhares de brasileiros.

É o caso de muitos catadores e catadoras de materiais recicláveis que encontraram no cooperativismo a solução para regularizar as atividades econômicas desenvolvidas por intermédio do trabalho coletivo, de forma solidária e sob regime de economia familiar. Além disso, por meio de cooperativas e associações da agricultura familiar, centenas de escolas públicas do Brasil têm a chance de oferecer aos estudantes alimentos mais saudáveis.

Por isso, é possível sim que o Brasil volte a crescer com mais sustentabilidade. Mas, para que isso ocorra, é urgente e necessário que sejam efetivadas políticas públicas e legislações que fomentem e expandam o cooperativismo e a economia solidária. Nesse sentido, a União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias (Unicopas) busca promover e sensibilizar a sociedade sobre a importância do modelo de trabalho cooperativo e associativo na promoção de um desenvolvimento com mais sustentabilidade e justiça social.