Nossas elites não aprenderam nada
Com o retorno da democracia e das eleições diretas em 1985, período que os historiadores passaram a chamar de Nova República, a sociedade civil brasileira, pode, mais uma vez, retomar o comando e o destino político do país. Depois de mais de duas décadas afastada do governo, caberia agora à classe política, que a representava, redefinir como se processaria esse retorno dentro da nova realidade experimentada pelo Brasil.
Para tanto e diante de tal desafio, cuidou-se logo da confecção de uma Carta Magna, estabelecendo em quais parâmetros se daria a nova organização política do país. Para muitos pesquisadores daquele período, foi somente a partir da Constituição de 1988 que o Brasil entraria, de fato, para o rol das nações democráticas, tendo como base um conjunto de leis modernas e que garantiria o chamado Estado democrático de direito.
Passadas três décadas da retomada do país pela sociedade civil, depois de muitos acertos e uma quantidade igual de erros, é possível afirmar hoje, e as pesquisas assim indicam, que a maioria dos brasileiros se encontra decepcionada com a qualidade de seus representantes e de, maneira geral, não consegue enxergar uma saída fácil para esse impasse que, de certa forma, ameaça a democracia tão duramente reconquistada.
A questão é como garantir o Estado democrático de direito pleno, conforme assegura a Constituição, em que todos são iguais perante as leis, quando se observa que o topo da pirâmide, onde está a elite que comanda o país com assento nos Três Poderes, capturou para si não só o controle do Estado, mas principalmente todos os privilégios e garantias a ele ligados, dissociando-se da realidade da nação, por meio de uma blindagem legal, porém ilegítima.
Quando as diversas pesquisas de opinião chegam à conclusão uníssona de que a corrupção é a principal preocupação de brasileiros de Norte a Sul, superando outros itens, como saúde, educação e moradia, é porque o problema adquiriu um status incontornável. A grande maioria da população sabe muito bem que o fenômeno da corrupção, no nível endêmico em que se encontra a nossa, está na base de todos os problemas que afligem a nação.
Dois em cada três brasileiros demonstram claramente esse sentimento e sabem muito bem que esse é um problema que vem de cima para baixo, se espraiando por todo o país. Os seguidos escândalos de corrupção, que desde 2005, com as primeiras denúncias do mensalão, têm deixado a nação em sobressalto permanente. Os episódios de desmandos tiveram poder de fazer crescer entre os brasileiros o sentimento de que nossas elites dirigentes não aprenderam nada com a ditadura e, ainda por cima, continuam a repetir os mesmos erros que levaram parte da população naquela época a clamar pela interferência dos militares.
Esse desencanto com os rumos tomados por nossa jovem democracia ganha sinais de desespero quando se verifica que as elites, inclusive aquelas que ocupam o topo da magistratura e que deveriam ser os primeiros guardiões do Estado democrático de direito, vêm manobrando no sentido de manter o velho status quo, ameaçando todos aqueles que ousam investigar os desmandos e as muitas evidências de corrupção.
A frase que foi pronunciada
;..A injustiça, senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade [...] promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.;
Ruy Barbosa, jurista, advogado, político, diplomata, escritor, filólogo, jornalista, tradutor e orador.
Tragicomédia
; No calor das discussões na CCJ sobre stalking, o senador Rodrigo Cunha registrou que havia uma exposição sobre essa forma violenta de invasão de privacidade. ;Já houve um relato de um senador muito próximo a mim; disse ele, e continuou: ;Que eu não quero aqui tornar público;. Diante das gargalhadas ele explicou: ;É próximo ao Amin e próximo a mim também.
ABC
; Onde tem senador Amin tem riso e alegria. Saiu-se com essa em resposta ao senador Rodrigo Pacheco: ;Eu fiquei satisfeito que o senhor retirou aquela sagrada corporação. Hoje é o dia de São Josemaria Escrivá, que é o padroeiro da Opus Dei, não confundir com a OAB.;
HRT
; Depois de uma bela maquiada no Hospital de Taguatinga, a boa notícia chega de verdade se houver mais médicos para atender a população, inclusive pediatras.
História de Brasília
O que alguns médicos de Brasília conseguiram, foi resultado de luta classista, e resta, agora, que a maioria dos médicos do Distrito Federal disponha das mesmas possibilidades.
(Publicado em 25/11/1961)