Jornal Correio Braziliense

Opinião

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

Tecido social rasgado

Aprender com as experiências e com os exemplos históricos de outros povos, em muitos casos, tem sido um bom remédio para países que assim evitaram o cometimento dos mesmos erros, induzidos pelas mesmas causas. São muitos os exemplos preciosos legados que têm servido para poupar esforços inúteis ou mesmo para evitar a perda de vidas e o colapso de muitas nações.

Lições vindas de tempos e lugares distintos ensinam que a base e a manutenção de uma nação coesa, contra as adversidades e a desagregação, estão tanto na sua riqueza imaterial, no caso a cultura comum, quanto em outros fatores, tal como o sentimento de pertencer e de ter sua origem e de seus ancestrais num determinado lugar, onde principalmente possa ser aceito como ;cidadão;, de posse de direitos inalienáveis, garantidos em lei. É justamente esse conjunto de vínculos afetivos e culturais que formam a União. Mesmo num mundo globalizado, onde muitos países vão se fundindo em blocos homogêneos, o sentido de raízes e ancestralidade não se perde com facilidade.

Para uma nação relativamente nova como a nossa, formada há pouco mais de cinco séculos, resultado da miscigenação entre três povos de três continentes distintos e que para muitos estudiosos no assunto ainda está em pleno processo de formação, custa crer que, num espaço de tempo tão curto, possa apresentar sinais preocupantes de desagregação de seu tecido social. Para muitos, trata-se de um fenômeno decorrente da enorme e histórica desigualdade social, que, segundo pesquisas demonstram, vem se recrudescendo nas últimas décadas.

O Brasil ocupa um dos primeiros lugares no ranking internacional de desigualdade com 30% da renda nacional concentrada em mãos de apenas 1% da população. Para outros, esse fenômeno precoce de esgarçamento do tecido social, em que os indicadores de violência oficiais registram 64 mil homicídios em 2018, foi amplamente catalisado pela inoperância do Estado em lidar, de forma justa e efetiva com principais problemas nacionais, como saúde, segurança, educação, entre outras providências necessárias.

Na avaliação de analistas, esse processo de secessão social vem sendo impulsionado ainda por fatores como os antagonismos políticos e a crença de que a superação desses problemas só se realizará com a destruição das forças oligarcas. Também há os que creem que a interrupção desse processo de desagregação social só poderá ocorrer com o fim de todos os privilégios, o que corresponde também ao fim da corrupção, com o combate , sem tréguas contra todas as formas de crimes, a começar pelo crime do colarinho-branco, que desvia recursos preciosos que poderiam servir pelo menos para remendar nosso tecido social.



A frase que foi pronunciada

;Mas o tempo, o tempo caleja a sensibilidade. ;
Machado de Assis, escritor brasileiro




Câmara
; Para a oposição que acusava o governo de comprar votos para a reforma da Previdência, a assessoria do deputado Alexandre Frota elencou todas as manchetes de jornais que estampavam compra de votos contra o impeachment da
ex-presidenta do Brasil.


Nova palavra
; A overdose de vaidade da deputada Joice Hasselmann não ofusca a sua coerência. Esse foi o resultado de uma conversa no café da Câmara
sobre a amarelidade do vestido da parlamentar.


Fim de festa
; Não convence mais nenhuma gota homeopática pingada
pelo Intercept. Já está virando piada. Hora de colocar a viola no saco.


Passado e futuro
; Hoje começa a temporada do clássico Os Saltimbancos, com a direção de Hugo Rodas. De 5; a domingo, sempre às 16h. Até 4 de agosto, no CCBB.


Elisa
; Veja no Blog do Ari Cunha o trabalho da escultora mineira Elisa Pena.


Melhorias
; Enfim, o guard rail em um dos lados da barragem do Paranoá.


Curiosidade
; Carlos Fernando de Moura Delphim, paisagista e arquiteto, tempos atrás encaminhou ao então presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, um documento em que pedia o tombamento do céu de Brasília como Paisagem Cultural Brasileira.




História de Brasília
O fato de se combater comunismo falando mal da União Soviética, ou botando Cecils Borés nos calcanhares dos outros, é fazer o que faz o almirante Pena Botto: estimular o desenvolvimento do comunismo. (Publicado em 24/11/1961)