Jornal Correio Braziliense

Opinião

A fragilidade do pedestre

A fragilidade do pedestre no trânsito ficou mais evidente no Distrito Federal este ano. Das 120 mortes ocorridas entre janeiro a maio, 50 ; ou 41,6% ; foram de pedestres. Apesar de os dados serem parciais, eles apontam para o crescimento das vítimas que fazem a maior parte dos seus trajetos a pé. Este é o maior índice de participação desse grupo no total de óbitos nos últimos 10 anos, período em que o percentual médio ficou em 30%.

O governo dispõe de estatísticas esclarecedoras sobre as causas dessas tragédias diárias. O boletim dos 10 anos da Lei Seca, divulgado no fim do ano passado, trouxe o perfil das vítimas mortas alcoolizadas ou sob efeito de drogas ilícitas. Do total de 110 óbitos em acidentes (universo pesquisado), 37 ingeriram bebida alcoólica, 49 consumiram drogas e 24 usaram álcool e drogas. Dessas, 24, 11 eram pedestres.

No começo deste ano, o perfil dos pedestres mortos no trânsito está no Informativo 9, do Detran. Ele mostra que a maioria é homem. Os idosos representam 35%. E 57% dos veículos envolvidos em atropelamentos fatais eram automóveis. Sabe-se também onde os pedestres mais perderam a vida no DF, assim como o dia da semana e a hora com mais registros.

Com tantas informações qualificadas, é de se esperar do poder público políticas que possam reverter as estatísticas e salvar as vidas. A proteção do pedestre é assegurada com diferentes medidas: redução das velocidades das vias e fiscalização do limite de velocidade; faixas de pedestres; passarelas e passagens subterrâneas seguras. Na prática, há falhas em todos esses pontos.

Acima de tudo, inexiste política pública voltada para a educação continuada dos pedestres e condutores. As campanhas existentes são pontuais e não contemplam avaliação sobre a eficácia delas. Enquanto a segurança do trânsito não for tratada pelo Executivo como prioridade, a selvageria nas ruas continuará matando.