A última fronteira agrícola será também nosso grande e árido deserto
Quem vive nas metrópoles do Centro-Oeste brasileiro, cidades modernas, como Brasília, Goiânia, Palmas, Campo Grande e outras de igual importância, com milhões de habitantes e todo o tipo de progresso urbano, não tem a mínima ideia do que está ocorrendo ao redor, nos imensos campos destinados às atividades agroindustriais e que, praticamente isolam as comunidades
Cercadas por imensos latifúndios de monoculturas por todos os lados, cuja a produção é quase totalmente destinada ao mercado externo, as dezenas de cidades que nas últimas décadas têm experimentado um sensível crescimento ou inchaço demográfico vão, aos poucos, sentido os efeitos diretos e nefastos dessas atividades econômicas, desenvolvidas unicamente com o objetivo de propiciar lucros máximos e imediatos a seus proprietários.
Com isso, a cada período de estiagem nessas regiões, mais e mais seus habitantes sofrem longos meses de racionamento de água, seguidos de fortes ondas de calor, o que é agravado ainda pelas seguidas queimadas, tornando o ar irrespirável e com prejuízos à saúde de todos.
Rios e outros cursos d;águas que, anteriormente, corriam durante todo o ano, desaparecem durante a seca e deixam um rastro de areia e pedras, apontando para um futuro de escassez e aridez para todos.
Incrivelmente, esse parece ser um assunto tabu nessas regiões. Ninguém discute as causas dos fenômenos. Nenhuma escola ou universidade parece disposta a levar esse debate adiante. Fala-se em progresso econômico. Mas a que preço? O poder de pressão do agronegócio não se limita apenas ao Congresso, onde reúne uma bancada barulhenta e disposta a tudo. No campo, os grandes latifúndios assustam os pequenos fazendeiros que perceberam a força desses gigantes, muitos dos quais estrangeiros, que não medem esforços para impor suas vontades.
Os movimentos nacionais que se contrapõem ao poderio dessas multinacionais de alimentos, ainda são muito incipientes e, normalmente, não são sequer ouvidos pelas autoridades. Os desmatamentos contínuos, a dizimação de espécies animais e vegetais, o envenenamento dos solos e a desidratação dos cursos de água, não abalam essa gente que age protegida por uma legislação claudicante e benéfica a quem produz, não importando como e a que custo.
Preocupante é saber que a própria Constituição de 1988, em seu art. 225, parágrafo 4;, define como patrimônio nacional a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira, deixando de fora o importantíssimo bioma cerrado. Atentem senadores e deputados ao detalhe. Façam o que é preciso ser feito para proteger toda essa terra e essa gente. A Carta Magna deixou enormes brechas por onde penetram esses devastadores das riquezas naturais do país, travestidos de grandes produtores.
A menor proteção legal, com o poder de lobby dos produtores, tem provocado estragos irreversíveis ao cerrado, que só serão devidamente avaliados quando a região entrar num processo de desertificação sem controle. Aí será tarde demais e, possivelmente, seus responsáveis estarão fora do alcance de qualquer lei ou autoridade.
Cientistas comprovaram que o cerrado é a savana mais biodiversa do planeta, contendo 5% das plantas e animais da Terra, inclusive 4.800 espécies que só ocorrem nessa parte do mundo. O problema com esse bioma único é que ele, apesar da variedade e grandeza, é também um dos mais sensíveis e contrários à intervenção humana. Por não conhecer adequadamente ainda todo o funcionamento desse complexo sistema, a intromissão humana causa estragos de difícil recuperação.
Experimentos com plantas e animais demonstram a dificuldade de reproduzi-los em condições fora de seu meio ambiente natural. As poucas experiências feitas até agora por pesquisadores isolados e com escassos recursos demonstram que há um imenso e variado campo desconhecido sobre esse sistema. Infelizmente, a descoberta dessa delicada riqueza natural só começou a aparecer quando o súbito uso de matérias-primas e das commodities estava atraindo grandes investimentos, principalmente do exterior.
A frase que foi pronunciada
;Enquanto a esquerda esperneia, deixando de votar, inclusive, no que defendia e a direita calcula cada passo, o Brasil aguarda para saber que destino tomar: de volta ao passado ou direto para o futuro. Unir para governar é o pensamento de quem age pelo país, e não por ideologias.;
Dona Dita enquanto vê a banda passar
Pão e circo
; Nota do leitor Renato Prestes: ;Nos dias dos jogos da Seleção Brasileira masculina na Copa do Mundo, servidores públicos são dispensados. Nos jogos da Seleção feminina essa benesse não ocorre. Situação que deixa bem explícita que não há tratamento igualitário entre homens e mulheres, conforme impôs a Constituição de 1988;. O ideal seria não ter dispensa do trabalho para assistir ao jogo de futebol, o que é um absurdo em si ; nota da coluna.
História de Brasília
Uma solução para o DTUI: se falta dinheiro, que sejam cobradas todas as contas atrasadas. Para que os relapsos paguem, bastará que se desligue o telefone e todos correrão ao guichê do Banco do Brasil. (Publicado em 23/11/1961)