O recuo de 0,2% no PIB do primeiro trimestre traz a marca da balbúrdia que Bolsonaro, filhos e aliados causaram e que tiveram, como consequência direta, impacto no atraso da tramitação da reforma da Previdência. Disso, não resta dúvida. Como bem apontou o governador de São Paulo, João Doria, em entrevista ao Correio, essa turma do entorno do presidente foi o principal entrave para o Planalto nos cinco primeiros meses de governo. O que quase ninguém se lembrou de mencionar é que essa crise, com seus milhões de desempregados, tem, sobretudo, as digitais do PT, que deixou como herança o país afundado na mais grave recessão da história. Até hoje, o país permanece no fundo do poço.
É fato que, depois do impeachment de Dilma, Temer assumiu e, com Meirelles à frente do Ministério da Fazenda, iniciou o difícil processo para retirar o país do buraco. Com a vitória de Bolsonaro, havia enorme expectativa de que a presença do liberal Paulo Guedes no comando da economia seria suficiente para injetar otimismo nos investidores e levar o país a retomar a rota do crescimento e da criação de empregos. Guedes vem fazendo tudo o que pode para a agenda de reformas avançar. O que ninguém imaginava nem previa é que, na falta de oposição forte no Congresso, o governo se tornaria a maior fonte de sabotagem ao governo.
Foram tantas as derrapadas que Bolsonaro conseguiu até a inacreditável proeza de recolocar as bandeiras do PT de volta às ruas. Com o peculiar oportunismo de sempre, o partido soube, como nenhum outro, aproveitar o momento para instrumentalizar as manifestações contra o corte de verbas das universidades. Vale lembrar que, na ;Pátria Educadora; de Dilma Rousseff, em 2015, a tesourada nos recursos do MEC foi de R$ 10,5 bilhões, e ninguém viu, nem de longe, uma reação tão contundente ; e, diga-se, tão necessária ; como as de agora. Defender a educação, não apenas com chavões e palavras de ordem vazias, é prioridade sempre.
Mesmo com o anúncio do PIB negativo e no meio do furacão em que a guerra comercial entre EUA e China jogou a economia mundial, o Brasil surpreendeu e andou à deriva da crise internacional no mês passado, com a bolsa em alta superando a maldição de maio. Isso aconteceu porque a aposta de empresários nacionais e investidores estrangeiros é que as reformas necessárias para o país voltar a crescer serão aprovadas no Congresso, independentemente de Bolsonaro.
Em grande parte, o otimismo decorre da iniciativa dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que prometeram colocar o Brasil acima das desavenças políticas e tocar adiante uma agenda de medidas, projetos e propostas capazes de destravar a economia. Mas a confiança de investidores tem a ver, também, com as manifestações a favor do governo. Na leitura do mercado, a força que Bolsonaro recebeu das ruas sinaliza que ele ainda preserva apoio popular expressivo e afasta o risco de possível isolamento político, o quer abriria brecha para um pedido de impeachment. É ver para crer se as reformas avançarão na Câmara e no Senado e se isso, de fato, ocorrer, o impacto que terão na economia.