Jornal Correio Braziliense

Opinião

ARTIGO

LEONARDO MEIRELES leonardomeireles.df@dabr.com.br




Nação democrática e equilibrada

Há certos setores da sociedade que são essenciais para a defesa do ser humano e da vida. Mais do que somente marcar presença, são vozes que influenciam milhões e, por isso, têm a importância definitiva em políticas públicas, economia e comportamentos. É o caso das igrejas. Negar o papel delas nas decisões tomadas por governantes, parlamentares e, de certo modo, no Poder Judiciário, é fechar os olhos para uma história de séculos. E não escrevo aqui sobre a interferência eclesial sobre o Estado, mas sobre as posições adotadas e que mexem com pensamentos e atitudes dos fiéis de todos os credos, no Brasil e no mundo.

Para deixar bem claro: não é a posição ou a orientação de uma igreja que modifica leis de um país, mas os fiéis podem influenciar. Por isso, a importância de instituições como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e suas comissões episcopais pastorais, que acabaram de passar por uma renovação, no início do mês. Hoje e amanhã, acontece a primeira reunião da nova ;diretoria; do Conselho Episcopal Pastoral, em Brasília, para falar sobre diversos assuntos. Por exemplo, uma análise de conjuntura sobre a atual situação do país. Uma discussão imprescindível para que os católicos saibam como pensam os líderes da Igreja nacional.

Pode-se pensar, por exemplo, no posicionamento sobre decisões do atual governo, como a reforma da Previdência, as armas e a atenção à educação. E, quem sabe, na paridade com o discurso feito ontem pelo papa Francisco sobre o olhar para os mais pobres. Em uma reunião com a Caritas Internacional, o pontífice apontou o caminho para a organização (que atua na defesa dos direitos humanos, da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável solidário) que poderia ser seguido muito bem por diversos governos ; e não só o brasileiro. Segundo Francisco, se a caridade for vista apenas como ;simples óbolo a ser restituído para apaziguar a nossa consciência;, o objetivo não será cumprido.

;A Igreja se tornaria uma agência humanitária e o serviço da caridade, seu departamento logístico;. Papa Francisco pede para olhar além. Por isso, ele chama a atenção para o pobre e para a nossa casa comum. A responsabilidade da CNBB e de diversas outras organizações religiosas, de todos os credos, é de apontar para todos os poderes que nosso problema não é só financeiro e que nossa principalmente preocupação não é só o mercado. Se a dedicação ao social e ao econômico não for equivalente, o país se desequilibra. E o que mais queremos é uma nação democrática e equilibrada.