O candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, apresentou sua proposta para ganhar o voto latino, a principal minoria dos Estados Unidos, prometendo uma ampla reforma migratória, medidas para garantir o acesso ao "sonho americano" e até um museu em Washington, D.C.
"Um quarto de todas as crianças nos Estados Unidos são latinas. O nosso sucesso coletivo depende do sucesso da comunidade latina", afirmou Biden em sua agenda divulgada na terça-feira (4/8) para os hispânicos, que somam 60 milhões no país e representam mais de 18% da população.
Biden, que busca impedir a reeleição de Donald Trump em 3 de novembro, disse que trabalhará "desde o primeiro dia promovendo as mudanças necessárias para ajudar a comunidade latina a prosperar", em contraste com o que descreveu como "um ataque" constante do presidente republicano "à dignidade latina".
Para isso, garantiu que investirá na mobilidade econômica dos hispânicos e em seu acesso à assistência de saúde e educação de alta qualidade. Também afirmou que combaterá a violência armada, especialmente depois do massacre no ano passado em El Paso, Texas, no qual um homem matou 23 pessoas a tiros. Entre as vítimas, havia nove mexicanos.
As medidas para impulsionar a classe média latina incluem impulsionar a criação e a expansão de pequenas empresas, melhorar o acesso ao crédito e buscar igualidade nos salários, levando-se em consideração que os trabalhadores latinos ganham uma fração do que os brancos não latinos ganham, uma diferença ainda mais acentuada entre as mulheres.
Biden também prometeu que a representação dos hispânicos na força de trabalho federal será proporcional ao seu peso demográfico. Para isso, "incentivará os trabalhadores mais qualificados a escolherem o serviço público, perdoando até US$ 10.000 ao ano em dívida estudantil por até cinco anos de serviço público".
Roteiro para a cidadania
Biden se comprometeu a enviar ao Congresso um projeto de lei para modernizar o "fraturado" sistema migratório atual em seu primeiro dia no cargo.
A iniciativa, disse ele, fornecerá "um roteiro para a cidadania" aos quase 11 milhões de imigrantes em situação ilegal no país, muitos deles mexicanos.
Biden, que acusa Trump de implementar políticas migratórias "racistas" e de criar "uma crise humanitária" na fronteira com o México, afirmou que encerrará o projeto do muro que é promovido pelo presidente, assim como seus regulamentos "prejudiciais" de refúgio.
Também restabelecerá o programa DACA, que atualmente beneficia cerca de 700 mil "dreamers", jovens trazidos por seus pais indocumentados quando crianças, e "explorará todas as opções legais para proteger suas famílias da separação desumana".
Biden também prometeu estender o Status de Protegido Temporário (TPS, na sigla em inglês) àqueles que fugiram do governo de Nicolás Maduro na Venezuela, uma insistente reivindicação da diáspora venezuelana a Trump.
Além disso, a agenda de Biden visa a homenagear o legado hispânico de 500 anos de história no atual território americano com um Museu Nacional dos Latinos nos Estados Unidos, em Washington.
O democrata também pretende melhorar o sistema de vistos de trabalho temporário, além de fornecer uma maneira para legalizar trabalhadores agrícolas estrangeiros. Segundo a proposta, um governo de Biden perseguirá "os empregadores abusivos em vez de os trabalhadores vulneráveis".