Milhões de filipinos voltaram ao confinamento nesta terça-feira (4) devido ao agravamento da epidemia de COVID-19, cuja progressão segue acelerada, principalmente na América Latina e no Caribe, onde mais de cinco milhões de casos foram contabilizados.
Mais de 27 milhões de pessoas, 25% da população das Filipinas, foram forçadas a ficar em casa novamente após o alerta lançado pelas associações médicas. Desde junho, quando a maioria do país encerrou o confinamento, as infecções multiplicaram por cinco e ultrapassaram 100.000 casos.
O retorno ao confinamento foi anunciado com apenas 24 horas de antecedência, o que deixou muitos habitantes bloqueados em Manila, com a interrupção dos transportes, principalmente voos.
"Não temos mais dinheiro. Não podemos deixar o aeroporto porque não temos família aqui", disse Ruel Damaso, um trabalhador da construção civil de 36 anos que queria voltar para sua casa em Zamboanga, no sul do país.
"Não estávamos à altura do desafio. Ninguém esperava", reconheceu o presidente Rodrigo Duterte.
Em Genebra, o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou para o risco de uma epidemia longa. "Não há solução milagrosa e talvez nunca existirá", alertou na segunda-feira em uma videoconferência.
A preocupação também cresce na Oceania, onde a Austrália começou a aplicar inúmeras restrições.
A partir de quarta-feira à meia-noite, todas os comércios não essenciais serão fechados em Melbourne, assim como as repartições públicas, uma medida que se soma ao toque de recolher noturno aplicado desde domingo aos residentes da cidade.
- Corrida para encontrar uma vacina -
A corrida para encontrar uma vacina continua. A Rússia garantiu na segunda-feira que está preparada para produzir "vários milhões" de doses a partir do próximo ano.
Outros especialistas, porém, alertam para a longa duração dessa pandemia, que já afundou as economias de muitos países, e recomendam a realização de uma campanha massiva de testes.
"Estamos tão apegados a testes sofisticados e caros que não testamos ninguém", disse Michael Mina, professor de epidemiologia em Harvard, que há semanas cobra a disponibilização de exames para todos, mesmo que não sejam de excelente qualidade.
A pandemia continua afetando os sistemas de saúde em todo o mundo, como no Brasil, onde o coronavírus destacou a falta de verbas e má administração sofrida por muitos de seus 210 milhões de habitantes.
O país, com quase 95.000 mortes, é o mais afetado da América Latina, onde a pandemia continua avançando. Junto com o Caribe, a região superou na segunda-feira cinco milhões de contaminações e 203.000 mortes.
O México, com 128 milhões de habitantes, é o segundo país mais afetado da região, com 443.813 casos confirmados e 48.012 mortes. O Peru, com uma população de 32 milhões, ocupa o terceiro lugar com 428.850 infecções e 19.614 mortes.
A pandemia não para em todo o continente americano. Nos Estados Unidos, o país mais afetado pela COVID-19, mais de 46.000 novos casos foram registrados em 24 horas, o que eleva o número de contaminações para 4,7 milhões, com mais de 155.000 mortes.
Desde seu surgimento na China, em dezembro, mais de 18 milhões de pessoas em todo o mundo foram contaminadas pelo coronavírus e quase 700.000 morreram.
- Más notícias empresariais -
No âmbito econômico, a pandemia também não dá trégua.
Para muitas empresas, a COVID-19 é uma catástrofe, como para a petroleira britânica BP, que anunciou nesta terça-feira uma perda líquida de 16,8 bilhões de dólares no segundo trimestre, ou o grupo agroquímico alemão Bayer, que teve prejuízo de 9,5 bilhões de euros (cerca de US$ 11 bilhões) no mesmo período.
Por seu lado, a companhia aérea britânica de baixo custo EasyJet, com sérias dificuldades como todo o setor, anunciou uma perda antes dos impostos de 324,5 milhões de libras (424 milhões de dólares) entre abril e junho.
Um dia antes, a Noruega anunciou restrições a cruzeiros em sua costa, depois que dezenas de novos casos de coronavírus apareceram em um navio da companhia Hurtigruten, que pediu desculpas e reconheceu seus "erros".
A empresa Carnival Cruise Line, que planejava retomar sua atividade esta semana depois de vários meses, finalmente decidiu adiar suas primeiras viagens de cruzeiro por não obter autorização da Itália.
Nos Estados Unidos, o plano de ajuda econômica não parece avançar, e empresas e trabalhadores temem pelo futuro.
Quase uma centena de líderes de multinacionais americanas como Walmart, Microsoft ou Merck, assim como de várias federações profissionais, enviaram uma carta aos congressistas americanos na segunda-feira.
Eles preveem uma "onda de fechamentos definitivos" se nada for feito antes de setembro e "um efeito cascata de empregos sendo destruídos".
Em uma situação de avanço e recuo em muitos setores, o mundo do esporte também está tentando voltar à normalidade e o tênis profissional teve os primeiros jogos no torneio WTA em Palermo (Itália), após cinco meses de interrupção.