Juízes da Corte de Apelação Federal de Massachusetts, nos Estados Unidos, reverteram, ontem, a sentença de morte imposta contra Dzhokhar Tsarnaev, um dos autores do atentado a bomba na Maratona de Boston, em 15 de abril de 2013. Os magistrados determinaram a realização de um novo julgamento para validar a pena. Três pessoas morreram e mais de 260 ficaram feridas no ataque terrorista.
Atualmente com 27 anos, Dzhokhar Tsarnaev foi condenado à morte em 2015 por plantar duas bombas caseiras na linha de chegada da tradicional corrida. O condenado, cidadão americano de origem chechena, admitiu ter planejado o ataque quando tinha 19 anos ao lado do irmão mais velho, Tamerlan Tsarnaev, que morreu quatro dias após o ataque em uma troca de tiros com a polícia.
Advogados de Tsarnaev recorreram e pediram a realização de um novo julgamento, sob o argumento de que a audiência não poderia ter sido realizada em Boston, cidade traumatizada pelo ataque. A defesa também questionou a neutralidade de dois jurados. Ficou provado que eles mentiram durante a seleção do júri quando perguntados se haviam tido conversas sobre o caso nas redes sociais.
Em seu voto, o juiz O. Rogeriee Thompson considerou que o tribunal responsável pelo processo não foi capaz de assegurar a seleção de um júri justo. Ele assinalou que alguns jurados demonstraram ter chegado para as audiências com “a opinião formada de que Tsarnaev era culpado”.
Os advogados de Dzhokhar Tsarnaev sempre alegaram que o réu não tinha histórico de violência e que o irmão mais velho seria o mentor do atentado. Ele foi julgado em abril de 2015, dois anos após o atentado. Deixou a sala de audiências condenado por 30 acusações, incluindo conspiração e uso de arma de destruição em massa. Em maio do mesmo ano, saiu a sentença de pena de morte.
No julgamento de ontem, a Corte de Apelação manteve a maioria das condenações contra Tsarnaev, mas instruiu um tribunal distrital a realizar um novo júri para determinar a validade da condenação à morte.
“Só para ser o mais claro possível. Dzhokhar permanecerá trancado na prisão pelo resto da vida, com a única dúvida sendo se o governo irá acabar com sua vida e executá-lo”, ressaltaram os magistrados na decisão.
Casos de pena de morte federal são raros nos Estados Unidos, embora três presos tenham sido executados no mês passado após uma ordem do presidente Donald Trump para a retomada de execuções federais após 17 anos. Uma quarta execução está agendada para o fim deste mês.