O historiador cubano Eusébio Leal Spengler, que dedicou sua vida ao resgate patrimonial de Havana, morreu nesta sexta-feira (31/7), aos 77 anos, "vítima de uma doença dolorosa" - informou o jornal oficial Granma.
"Nas próximas horas, nosso povo será informado sobre a organização dos funerais", disse o jornal, em uma reação rápida e incomum diante de um falecimento.
Figura proeminente da cultura cubana, Leal sofreu uma visível deterioração da saúde nos últimos anos que, segundo pessoas próximas, foi consequência de um câncer no pâncreas.
Sua aparição pública mais recente foi em 16 de junho, para se despedir da estrela Rosita Fornés, momento em que seu andar e força da voz mostraram um grande esforço em um homem outrora incansável.
Nascido em Havana em 11 de setembro de 1942, de origem humilde, Leal dedicou sua vida ao resgate da parte antiga de Havana, reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, em 1982.
Admirador e amigo pessoal de Fidel e de Raúl Castro, foi deputado no Parlamento em várias legislaturas, sem nunca esconder sua fé católica. Isso lhe permitiu ser uma ponte discreta entre o Estado socialista e a Igreja católica em momentos de fortes discrepâncias.
Em 1967, foi nomeado diretor do Museu da Cidade de Havana, sucedendo ao doutor Emilio Roig de Leushenring, de quem foi discípulo.
Recebeu inúmeras ordens e reconhecimentos internacionais, os mais recentes sendo a Ordem Carlos III concedida pelos reis da Espanha em novembro de 2019 e Doctor Honoris Causa da Pontíficia Universidade de Lateranense, no mesmo mês.
Querido e respeitado, Leal protagonizou por anos o programa de televisão "Andar La Habana", que o tornou popular em toda ilha e ensinou os cubanos a conhecerem e amarem sua capital.