Os fiéis muçulmanos iniciaram nesta sexta-feira (31/7) o "apedrejamento de satã", um dos últimos rituais da grande peregrinação na Arábia Saudita, drasticamente reduzida este ano para evitar qualquer propagação do novo coronavírus.
As colunas que representam satã no vale de Mina, perto de Meca, região oeste do reino, foram cenário nos últimos anos de avalanches humanas fatais, mas o risco parece mínimo em 2020.
Devido à pandemia, nesta ocasião, apenas 10 mil peregrinos, de diversas nacionalidades mas residentes na Arábia Saudita, foram autorizados a participar da peregrinação.
No ano passado, 2,5 milhões de peregrinos cumpriram o Hajj, um dos cinco pilares do islã.
Sob um forte calor, os peregrinos que chegaram a Mina passaram por controles de guias e policiais, que garantiram o respeito às normas de distanciamento social.
Os peregrinos fizeram o gesto simbólico que consiste em atirar sete pedras em direção a uma das colunas que representam satã.
O ato teve um grande controle, quando habitualmente impera a desordem em meio a uma grande multidão. O ritual costuma deixar vários feridos por lançamentos de pedras sem qualquer pontaria.
Desta vez, as autoridades proporcionaram pedras esterilizadas aos peregrinos. Até o ano passado, os participantes pegavam as pedras do chão.
A sexta-feira também marca o início da festa de Aid al Adha, a festa do sacrifício.
Os peregrinos e os muçulmanos de todo mundo matam um animal em homenagem ao sacrifício que deveria ser feito, segundo a tradição, pelo profeta Abraão, depois que Deus pediu que matasse seu filho Ismael. No último instante, o anjo Gabriel substituiu Ismael por um cordeiro.
Mensagem do rei
Por ocasião do Aid, o rei Salman enviou uma mensagem aos muçulmanos e destacou que as autoridades sauditas "redobraram os esforços" para proteger os fiéis.
A Arábia Saudita registra oficialmente mais de 274 mil casos de covid-19 e mais de 2.800 mortes, um dos maiores índices no mundo árabe.
Um dos grandes momentos do Hajj aconteceu na quinta-feira, quando um reduzido número de fiéis seguiu até o Monte Arafat — a 20 quilômetros de Meca — para pedir o perdão de Deus.
As autoridades estabeleceram um cordão de segurança ao pé da colina, também chamada de Monte da Misericórdia, como parte das medidas de prevenção contra o coronavírus.
Os peregrinos passaram a noite em Muzsalifah, antes de iniciar nesta sexta-feira o ritual do apedrejamento.
Após o ritual, os peregrinos retornam à Grande Mesquita de Meca para o último "tawaf", ou circunvolução ao redor da Kaaba, a estrutura cúbica em direção da qual os muçulmanos de todo mundo se voltam para rezar.
Tudo foi planejado para evitar contaminações. Seis hospitais, incluindo um móvel, foram instalados nos locais sagrados, além de 51 clínicas e 63 grupos de profissionais de saúde mobilizados, informou o porta-voz do Ministério da Saúde, Mohammed Al Abdel Ali.