O Nepal voltou a permitir o acesso à sua área montanhosa, mais especificamente ao Everest, para expedições de fim de ano com o objetivo de impulsionar o setor de turismo, apesar das incertezas sobre a pandemia - anunciaram as autoridades nepalesas nesta sexta-feira (31/7).
As fronteiras foram fechadas em março, pouco antes do início da temporada turística, quando milhares de alpinistas se deslocam para o Himalaia. Essa decisão custou milhões de dólares para a economia do Nepal e causou a demissão de milhares de nepaleses.
O confinamento nacional terminou na semana passada, e o Nepal agora está aberto "para as atividades turísticas, como o alpinismo e as excursões", disse à AFP Mira Acharya, do Ministério do Turismo.
Os voos internacionais para este país devem ser ser retomados após 17 de agosto.
A "reabertura" da zona nepalesa do Himalaia se dá em um país onde mais de mil casos de coronavírus foram detectados esta semana, totalizando 19.547 desde o início da crise.
"Um alívio"
As autoridades continuam a "trabalhar" nos protocolos de segurança sanitária, disse Acharya, e especialmente na duração da quarentena que os turistas estrangeiros deverão cumprir.
Essa exigência sanitária é uma das principais preocupações dos alpinistas estrangeiros que desejam viajar para o Nepal, afirmou Mingma Sherpa, do Seven Summit, uma das principais empresas deste setor no país.
"Seria um alívio se pudéssemos voltar a organizar expedições após uma temporada totalmente virgem na primavera", disse Mingma Sherpa.
As barracas se multiplicam na área do Everest e em outros picos famosos durante a temporada turística. Os alpinistas ficam instalados em espaços confinados, onde é difícil se isolar e respeitar a distância física.
Devido à altitude, a respiração é muito mais complicada nessas áreas montanhosas, o que aumentaria o risco de qualquer paciente com coronavírus.
Lukas Furtenbach, da empresa Furtenbach Adventures, lembrou que todas as expedições foram canceladas.
"Organizar uma expedição agora significaria agir no escuro, e essa nunca foi nossa forma de trabalhar", ressaltou Furtenbach, acrescentando que "nossa política é que somos responsáveis pela vida dos nossos funcionários e clientes".
No ano passado, o Nepal recebeu 1,2 milhão de turistas. Um terço viajou para a temporada de turismo de outono, em um país onde o turismo representa 8% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados oficiais.
Os especialistas consideram que as subidas feitas entre setembro e novembro são mais complicadas do que na primavera, por causa do vento e das baixas temperaturas. Esses fatores acabam reduzindo o número de montanhistas nessa estação.
O Everest teve um ano recorde na primavera de 2019, com 885 pessoas chegando ao cume. Destas, 644 subiram pelo lado nepalês.
À épocas, as imagens de vários alpinistas concentrados na chamada "zona da morte" deram a volta ao mundo.
Em função da pandemia, a China também fechou seu acesso à montanha mais alta do mundo.